Levando em conta o contexto em que floresceu a literatura romântica, as informações textuais refletem, com
Instrução: Leia o texto para responder às questões.
Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhado
abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer. O
diplomata ajusta, com um copo de champagne na mão, os
mais intrincados negócios; todos murmuram, e não há quem
deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e
das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da
sua época; as moças são no sarau como as estrelas no céu;
estão no seu elemento: aqui uma, cantando suave cavatina,
eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos, por entre os quais
surde, às vezes, um bravíssimo inopinado, que solta de lá
da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida
no écarté, mesmo na ocasião em que a moça se espicha
completamente, desafinando um sustenido; daí a pouco vão
outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala e
marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer
de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo
que conversam sempre sobre objetos inocentes que movem
olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma
gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de doces
que veio para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz,
lhe ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dandy que dirige
mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos pregados
na sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é
essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra,
durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.
E o mais é que nós estamos num sarau. Inúmeros batéis
conduziram da corte para a ilha de... senhoras e senhores,
recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e
escolhida sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra
em toda a parte borbulhar o prazer e o bom gosto.
Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que
com aturado empenho se esforçam para ver qual delas vence
em graças, encantos e donaires, certo sobrepuja a travessa
Moreninha, princesa daquela festa.
(Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, 1997.)
Instrução: Leia o texto para responder às questões.
Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhado
abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer. O
diplomata ajusta, com um copo de champagne na mão, os
mais intrincados negócios; todos murmuram, e não há quem
deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e
das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da
sua época; as moças são no sarau como as estrelas no céu;
estão no seu elemento: aqui uma, cantando suave cavatina,
eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos, por entre os quais
surde, às vezes, um bravíssimo inopinado, que solta de lá
da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida
no écarté, mesmo na ocasião em que a moça se espicha
completamente, desafinando um sustenido; daí a pouco vão
outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala e
marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer
de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo
que conversam sempre sobre objetos inocentes que movem
olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma
gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de doces
que veio para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz,
lhe ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dandy que dirige
mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos pregados
na sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é
essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra,
durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.
E o mais é que nós estamos num sarau. Inúmeros batéis
conduziram da corte para a ilha de... senhoras e senhores,
recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e
escolhida sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra
em toda a parte borbulhar o prazer e o bom gosto.
Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que
com aturado empenho se esforçam para ver qual delas vence
em graças, encantos e donaires, certo sobrepuja a travessa
Moreninha, princesa daquela festa.
(Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, 1997.)
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa E
Tema central: análise do tom e da visão social do trecho à luz do Romantismo. A questão exige identificar como o narrador apresenta a sociedade do sarau — se com crítica, ironia, exaltação ou amenidade.
Resumo teórico (sucinto): o Romantismo valoriza sentimento, imaginação e a idealização da realidade; muitas obras mostram personagens e ambientes idealizados ou sentimentais. Para leitura de enunciados, é essencial distinguir: tom elogioso/amenizador (palavras que sugerem prazer, brilho, alegria) x tom crítico/irônico (sarcasmo, ênfase em contradições morais). (Fonte consultada: A. Bosi, História Concisa da Literatura Brasileira; verbete "Romantismo" — Encyclopaedia Britannica)
Por que E é correta: o texto descreve o sarau como algo delicioso, cheio de brilho, prazer e bom gosto, uma sociedade alegre e escolhida — portanto predomina a amenidade e uma visão otimista da vida social. A linguagem do narrador valoriza o prazer e a elegância do ambiente, sem apontar denúncia social contundente; por isso a alternativa E corresponde ao sentido global do trecho.
Análise das alternativas incorretas:
A — ufanismo: refere-se a exaltação nacional; o trecho elogia um sarau social, não faz apelo nacionalista, logo é inadequado.
B — desprezo: o discurso não manifesta desprezo pela cultura, mas sim apreço e admiração; portanto errado.
C — entusiasmo + sociedade frívola e hipócrita: embora haja traços de leve frívola (aplausos, desfiles), o tom geral não enfatiza hipocrisia ou censura moral; a ênfase é mais positiva do que crítica, por isso a alternativa não casa com o conjunto.
D — nostalgia/decadência: falta no trecho a ideia de perda histórica ou degradação; o texto celebra o presente do sarau, não lamenta valores perdidos.
Dicas de resolução para provas: leia o texto buscando o tom global (positivo/negativo/irônico); destaque adjetivos e descrições que carregam valoracion — eles indicam a atitude do narrador. Compare sentido das expressões com as opções: muitas vezes uma palavra-chave (ex.: “brilha”, “delicioso���, “alegre”) já orienta a escolha.
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