Através de pesquisa empírica sobre a classe operária argentina nas décadas de 1930 e 1940, Miguel Murmis e Juan Carlos Portantiero enfatizaram a importância de se levarem em conta os interesses dos trabalhadores, mostrando que as medidas tomadas por Perón na Secretaria do Trabalho e da Previdência, a partir de 1943, vinham ao encontro das reivindicações de grande parte do setor operário, que via no sindicalismo a solução para os problemas de classe.

CAPELATO, Maria Helena Rolim. Populismo latino-americano em discussão. In. FERREIRA, Jorge (org.) O Populismo e sua História: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. p.148.

De acordo com a perspectiva de Miguel Murmis e Juan Carlos Portantiero, é correto afirmar que

Resposta correta: Alternativa C

Tema central: a questão trata da interpretação do populismo e da relação entre Estado, líder e classe trabalhadora na Argentina das décadas de 1930–1940, a partir da investigação de Miguel Murmis e Juan Carlos Portantiero. É importante entender conceitos como integração social, incorporação sindical e agência dos trabalhadores.

Resumo teórico: Murmis e Portantiero, em suas pesquisas empíricas, ressaltam que as políticas de Perón (particularmente via Secretaria do Trabalho e Previdência) não foram apenas imposições autoritárias, mas responderam a demandas reais de setores operários. Ou seja, o sindicato e os trabalhadores atuaram como atores sociais integrados às relações políticas, participando e obtendo benefícios — uma visão que contrapõe leituras que reduzem o operariado a massa manipulável.

Por que a alternativa C é correta: porque expressa exatamente essa ênfase: a classe trabalhadora é vista como ator social integrado, com reivindicações e capacidade de participação nas relações políticas. Murmis e Portantiero mostram que medidas estatais convergiram com interesses operários, indicando participação efetiva, não mera subordinação passiva.

Análise das alternativas incorretas:

A — "o sindicato torna‑se ineficiente em um regime autoritário": incorreta. A pesquisa citada mostra que, apesar do caráter autoritário parcial do regime, o sindicalismo manteve poder de representação e obteve ganhos concretos; não foi simplesmente ineficaz.

B — "o líder populista é eficaz na manipulação da classe dos trabalhadores": imprecisa. Essa leitura reducionista corresponde a críticas personalistas do populismo, mas Murmis/Portantiero destacam a convergência entre políticas e demandas operárias, evidenciando agência dos trabalhadores, não apenas manipulação.

D — "populismo é transição para sociedade moderna capitalista": incorreta. Trata‑se de uma visão teleológica (modernização) que não sintetiza a análise específica sobre as relações Estado–trabalhadores proposta pelos autores citados.

Estrategia para gabaritar questões assim: procure no enunciado termos que indiquem agência (ex.: "vinham ao encontro", "reivindicações", "participa") — esses termos orientam para alternativas que reconhecem protagonismo social, não apenas passividade.

Fontes sugeridas: Capelato (2001) — coletânea sobre populismo; estudos empíricos de Miguel Murmis e Juan Carlos Portantiero sobre classe operária e Peronismo (consultar artigos e capítulos sobre sindicalismo e política social na Argentina 1930–1950).

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