Tendo como referência o poema Canção do exílio , escrito pela poeta Gonçalves Dias e publicado em 1846, julgue o item a seguir.
No verso “Não permita Deus que eu morra”, o eu lírico se dirige diretamente a Deus, tomando-o como seu interlocutor.
Tendo como referência o poema Canção do exílio , escrito pela poeta Gonçalves Dias e publicado em 1846, julgue o item a seguir.
No verso “Não permita Deus que eu morra”, o eu lírico se dirige diretamente a Deus, tomando-o como seu interlocutor.
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá;Em cismar --- sozinho, à noite ---Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Não permitir Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá;Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá;Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Gonçalves Dias. Canção do exílio. Internet:<dominiopublico.org.br>..
Gabarito comentado
Gabarito: E) errado
Tema central: A questão aborda a interpretação do uso da apóstrofe no poema “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias, avaliando se há interlocução direta entre o eu lírico e Deus no verso “Não permita Deus que eu morra”.
Conceito-chave: Apóstrofe é uma figura de linguagem em que o eu lírico se dirige, poeticamente, a uma entidade, pessoa, objeto ou abstração como se pudesse ouvi-lo. Não implica, portanto, em diálogo concreto ou resposta, mas sim uma invocação ou súplica.
Justificativa da alternativa correta:
No verso “Não permita Deus que eu morra”, ocorre a apóstrofe: o eu lírico faz um pedido veemente a Deus, mas isso não constitui interlocução real. Ele não estabelece um diálogo, não há troca, apenas o expressar de um desejo ou oração, característico da poética romântica.
Portanto, a alternativa “E” está correta: o eu lírico não tem Deus como interlocutor direto, mas realiza um apelo emocional e literário ao construir seu sentimento de saudade e anseio pelo retorno à pátria.
Análise crítica das alternativas:
- C) certo: Errado, pois pressupõe que há um interlocutor efetivamente envolvido na comunicação. Em termos literários, isso só existiria se houvesse uma clara resposta ou diálogo, o que não ocorre nesse poema.
- E) errado: Correto, pois reconhece que o que ocorre é apenas uma invocação – a voz poética expressa seu sentimento, sem estabelecer de fato uma conversação.
Estratégia de interpretação para provas: Atenção ao identificar figuras de linguagem! Apóstrofe ≠ interlocução. Quando o eu lírico “fala” com Deus, a natureza, objetos ou entidades abstratas, geralmente está apenas expressando emoção ou desejo, não um diálogo real com resposta. Em questões como esta, não confunda invocação com interlocução direta.
Referências:
Manuais de Literatura para concursos (como William Roberto Cereja e Alfredo B. Cotrim) explicam que apóstrofe é “a invocação emocional a uma entidade ausente ou inanimada...” — exatamente o que ocorre neste verso.
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