Legado
Que lembrança darei ao país que me deu
tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?
Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu
minha incerta medalha, e a meu nome se ri.
E mereço esperar mais do que os outros, eu?
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,
a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.
Não deixarei de mim nenhum canto radioso,
uma voz matinal palpitando na bruma
e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.
De tudo quanto foi meu passo caprichoso
na vida, restará, pois o resto se esfuma,
uma pedra que havia em meio do caminho.
Disponível em:<https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/13225.pdf> . Acesso em: 20 ago. 2019.
Considerando-se a obra Claro Enigma, de Carlos Drummond
de Andrade, no contexto histórico em que foi escrita, e o poema
Legado, marque com V as afirmativas verdadeiras e com F, as
demais.
( ) A obra Claro Enigma foi publicada durante o período
da Guerra Fria, e alguns dos seus poemas fazem
questionamentos sobre o futuro em tom pessimista.
( ) O poema Legado exemplifica uma fonte de inspiração
comum aos poemas da obra Claro Enigma: foi inspirado
pelas incertezas e angústias da época em que foram
escritos.
( ) No poema Legado, pode-se constatar o tom melancólico
do poeta.
( ) No poema Legado, fica claro que o sujeito poético passa
de um estado contemplativo e melancólico para outro de
renovação e de descoberta.
( ) No poema Legado, assim como na obra como um todo
(Claro Enigma), o sujeito poético esboça um projeto de
vida voltado para a superação da amargura e do sofrimento
que o acompanharam durante toda a sua existência.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para
baixo, é a
Legado
Que lembrança darei ao país que me deu
tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?
Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu
minha incerta medalha, e a meu nome se ri.
E mereço esperar mais do que os outros, eu?
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,
a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.
Não deixarei de mim nenhum canto radioso,
uma voz matinal palpitando na bruma
e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.
De tudo quanto foi meu passo caprichoso
na vida, restará, pois o resto se esfuma,
uma pedra que havia em meio do caminho.
Disponível em:<https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/13225.pdf>