Leia o trecho a seguir.
Se a pessoa se contenta com linguagem simples – frases curtas da televisão e das redes sociais,
vocabulário pobre e sintaxe pouco elaborada –, o desenvolvimento cerebral se estabiliza e a pessoa
se torna incapaz de compreender ideias com consequências significativas para si mesma e para a
sociedade.
Em relação aos termos grifados, assinale a alternativa correta.
Leia o trecho a seguir.
Se a pessoa se contenta com linguagem simples – frases curtas da televisão e das redes sociais, vocabulário pobre e sintaxe pouco elaborada –, o desenvolvimento cerebral se estabiliza e a pessoa se torna incapaz de compreender ideias com consequências significativas para si mesma e para a sociedade.
Em relação aos termos grifados, assinale a alternativa correta.
As vantagens neurais da boa leitura
Comparar o ato de ler com uma espécie de “exercício físico” para o cérebro, como ocorre na musculação
sobre a massa corporal, está longe de ser adequado – e com as últimas descobertas da neurociência,
essa analogia serve apenas para dar uma ideia distante do seu efeito real. O percorrer os olhos sobre
palavras ordenadas com um sentido faz muito mais: ajuda o cérebro a absorver conceitos da realidade e
a dominá-la. Quanto maior o vocabulário, a fluência na leitura e a sua complexidade, maior a capacidade
de compreender a si mesmo, interagir socialmente e ser bem-sucedido no mercado de trabalho. O
processo de entender o mundo começa na infância. Da infância à vida adulta, para que esse processo
não regrida, é necessário colocar o cérebro em contato com conteúdos cada vez mais complexos. Se
a pessoa se contenta com linguagem simples – frases curtas da televisão e das redes sociais, vocabulário pobre e sintaxe pouco elaborada –, o desenvolvimento cerebral se estabiliza e a pessoa se torna
incapaz de compreender ideias com consequências significativas para si mesma e para a sociedade.
As pesquisadoras Yellolees Douglas e Samantha Miller perceberam, por exemplo, que estudantes que
liam diariamente o Huffington Post tiveram a menor pontuação em seus escritos do que os que liam,
ainda que com menos frequência, o The New York Times. O esforço para ler e entender textos mais
complexos, por outro lado, aumenta a qualidade da chamada “fala silenciosa”, o discurso interior feito
por quem é capaz de escrever frases coerentes. Ao mesmo tempo, exercita a memória, necessária para
falar, escrever e entender.
(Adaptado de: DRECHSEL, D. As vantagens neurais da boa leitura. Gazeta do Povo. 24 jul. 2016. Vida e Cidadania. p.9.)
Gabarito comentado
TEMA CENTRAL DA QUESTÃO:
Esta questão aborda Interpretação e análise morfossintática da partícula "se". O domínio desse tema é fundamental em provas, pois a partícula “se” pode exercer diferentes funções na frase, alterando sentido e estrutura.
ANÁLISE DIDÁTICA DAS OCORRÊNCIAS:
No trecho, temos quatro ocorrências do termo “se”:
- Primeira: “Se a pessoa...” – Conjunção condicional, pois introduz uma condição.
- Segunda: “a pessoa se contenta…” – Pronome reflexivo, ação que recai no próprio sujeito (“pessoa” se contenta a si mesma).
- Terceira: “o desenvolvimento cerebral se estabiliza” – Pronome apassivador ou partícula apassivadora: torna a construção uma voz passiva sintética (“o desenvolvimento cerebral é estabilizado”).
- Quarta: “a pessoa se torna incapaz...” – Pronome reflexivo, novamente indicando reflexividade do sujeito sobre si.
ALTERNATIVA CORRETA:
E) O terceiro termo retoma a expressão “desenvolvimento cerebral” e o quarto retoma a palavra “pessoa”.
Justificativa: O terceiro “se” é partícula apassivadora em “se estabiliza”, e refere-se ao sujeito “desenvolvimento cerebral”, exatamente como expresso na alternativa. Já o quarto “se” é reflexivo e se refere à pessoa (sujeito da oração).
Gramáticos renomados, como Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa), orientam que reconhecer o valor reflexivo ou apassivador da partícula “se” é essencial para entender a estrutura e o sentido da frase.
ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS INCORRETAS:
A) Confunde a referência do segundo “se”, que é reflexivo e se refere à pessoa, não a “contenta”.
B) Erra no tipo de conjunção (“se” é condicional e não conformativa) e na referência do pronome.
C) Troca a função da conjunção e interpreta mal o termo apassivador.
D) Erra ao afirmar que o terceiro “se” remete a “estabiliza”, quando, na verdade, refere-se ao sujeito “desenvolvimento cerebral”.
ESTRATÉGIAS DE PROVA:
Observe atentamente as funções do “se”. Uma boa estratégia é perguntar: esse “se” indica condição (caso...), reflexibilidade (a si mesmo) ou passividade (ocorre com sujeito paciente e verbo transitivo direto)? Esse cuidado evita pegadinhas e ambiguidade.
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