Lagos, lagoas e tanques têm a qualidade da água comprometida pelo recebimento de água da chuva ou de afluentes
carregados de detritos, principalmente quando esses
afluentes alteram a aeração da água desses corpos. A fim de
avaliar as condições de cinco lagos, foram monitoradas as
espécies químicas presentes. Na tabela abaixo são
mostradas informações das espécies químicas que
apresentaram teores bastante elevados.
Lago - Espécies químicas com teor elevado
1 CH3COO-
, HS-
, CH4
2 NO3
-
, Hg2+, O2
3 Cl-
, Fe3+, CO2
4 PO43-
, CO32-
, K+
5 SO42-
, Ca2+, Mg2+
Com base no exposto, é correto afirmar que o lago que
possui condição anaeróbica é o de número:
Gabarito comentado
Alternativa correta: A — Lago 1
Tema central: avaliação do estado redox/oxigenação de corpos d’água por meio das espécies químicas presentes. Essencial em ecologia aquática e gestão ambiental para identificar zonas aneróbicas (reduzidas) que afetam a biota, a qualidade da água e os processos de ciclagem de nutrientes.
Resumo teórico: Em sedimentos e águas estratificadas ocorre uma “escada redox”: primeiro o O2 é consumido; depois operam-se processos redutores na ordem aproximada NO3− → Mn(IV) → Fe(III) → SO4(2−) → CO2 (metanogênese). Produtos típicos de ambientes fortemente reduzidos são HS− (sulfeto/ácido sulfídrico), CH4 (metano) e ácidos orgânicos/acetato (CH3COO−). A presença simultânea desses compostos indica ausência de aceitadores de elétrons mais oxidados (O2, NO3−, Fe3+, SO4(2−)). (Ver: Wetzel, Limnology; Stumm & Morgan, Aquatic Chemistry; APHA Standard Methods.)
Justificativa da resposta (Lago 1): O lago 1 apresenta CH3COO−, HS− e CH4. Esses três são marcadores clássicos de processos anaeróbicos avançados: fermentação/acetogênese (acetato), redução de sulfato (resultando em HS−) e metanogênese (CH4). A ocorrência de metano e sulfeto aponta que os aceitadores mais energéticos foram exauridos, indicando condição fortemente anaeróbica.
Análise das alternativas incorretas:
B — Lago 2: contém NO3− e O2, indicadores de ambiente oxigenado ou pelo menos com aceitadores oxidantes disponíveis; Hg2+ é metal tóxico, não indicador direto de anoxia.
C — Lago 3: Cl−, Fe3+ e CO2. Fe3+ é a forma oxidada do ferro; em ambientes anaeróbicos espera-se Fe2+ (ferroso). CO2 pode ser produzido tanto sob oxia quanto anoxia — não é indicativo isolado de anoxia.
D — Lago 4: PO4(3−), CO3(2−), K+. Indicam enriquecimento/nutrientes e alcalinidade, possivelmente eutrofização, mas não necessariamente condição anaeróbica avançada (faltam HS−, CH4, forma reduzida do ferro etc.).
E — Lago 5: SO4(2−), Ca2+, Mg2+. Sulfato está presente como aceitador potencial; porém sua mera presença NÃO indica que foi reduzido. Se houvesse SO4 reduzido ver-se-ia HS− — ausente aqui.
Dica de interpretação: procure espécies reduzidas (HS−, CH4, Fe2+, NH4+, CH3COO−) e a ausência de O2/NO3− para identificar anoxia. Evite confundir presença de íons oxidantes (SO4(2−), NO3−, Fe3+) como prova de anoxia — são justamente aceitadores que, enquanto presentes, permitem respiração anóxica/oxicidade.
Referências indicadas: Wetzel (Limnology); Stumm & Morgan (Aquatic Chemistry); APHA (Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater).
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