Questão bea1eb52-b3
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Assinale a alternativa correta sobre afirmações encontradas no texto.
Assinale a alternativa correta sobre afirmações encontradas no texto.
Para responder a questão, leia o seguinte diálogo entre os personagens Simei e Colonna, no romance Número
Zero, de Umberto Eco:
– Colonna, exemplifique para os nossos amigos como é que se pode seguir, ou dar mostras de seguir, um princípio
fundamental do jornalismo democrático: fatos separados de opiniões. Opiniões no Amanhã [nome do jornal] haverá inúmeras, e
evidenciadas como tais, mas como é que se demonstra que em outros artigos são citados apenas fatos?
– Muito simples – disse eu. – Observem os grandes jornais de língua inglesa. Quando falam, sei lá, de um incêndio ou de um
acidente de carro, evidentemente não podem dizer o que acham daquilo. Então inserem no artigo, entre aspas, as declarações de
uma testemunha, um homem comum, um representante da opinião pública. Pondo-se aspas, essas afirmações se tornam fatos, ou
seja, é um fato que aquele sujeito tenha expressado tal opinião. Mas seria possível supor que o jornalista tivesse dado a palavra
somente a quem pensasse como ele. Portanto, haverá duas declarações discordantes entre si, para mostrar que é fato que há
opiniões diferentes sobre um caso, e o jornal expõe esse fato irretorquível. A esperteza está em pôr antes entre aspas uma opinião
banal e depois outra opinião, mais racional, que se assemelhe muito à opinião do jornalista. Assim o leitor tem a impressão de estar
sendo informado de dois fatos, mas é induzido a aceitar uma única opinião como a mais convincente. Vamos ver um exemplo. Um
viaduto desmoronou, um caminhão caiu e o motorista morreu. O texto, depois de relatar rigorosamente o fato, dirá: Ouvimos o senhor
Rossi, 42 anos, que tem uma banca de jornal na esquina. Fazer o quê, foi uma fatalidade, disse ele, sinto pena desse coitado, mas
destino é destino. Logo depois um senhor Bianchi, 34 anos, pedreiro que estava trabalhando numa obra ao lado, dirá: É culpa da
prefeitura, que esse viaduto estava com problemas eu já sabia há muito tempo. Com quem o leitor se identificará? Com quem culpa
alguém ou alguma coisa, com quem aponta responsabilidade. Está claro? O problema é no quê e como pôr aspas.
ECO, Umberto. Número Zero. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 55-6.
Para responder a questão, leia o seguinte diálogo entre os personagens Simei e Colonna, no romance Número
Zero, de Umberto Eco:
– Colonna, exemplifique para os nossos amigos como é que se pode seguir, ou dar mostras de seguir, um princípio
fundamental do jornalismo democrático: fatos separados de opiniões. Opiniões no Amanhã [nome do jornal] haverá inúmeras, e
evidenciadas como tais, mas como é que se demonstra que em outros artigos são citados apenas fatos?
– Muito simples – disse eu. – Observem os grandes jornais de língua inglesa. Quando falam, sei lá, de um incêndio ou de um
acidente de carro, evidentemente não podem dizer o que acham daquilo. Então inserem no artigo, entre aspas, as declarações de
uma testemunha, um homem comum, um representante da opinião pública. Pondo-se aspas, essas afirmações se tornam fatos, ou
seja, é um fato que aquele sujeito tenha expressado tal opinião. Mas seria possível supor que o jornalista tivesse dado a palavra
somente a quem pensasse como ele. Portanto, haverá duas declarações discordantes entre si, para mostrar que é fato que há
opiniões diferentes sobre um caso, e o jornal expõe esse fato irretorquível. A esperteza está em pôr antes entre aspas uma opinião
banal e depois outra opinião, mais racional, que se assemelhe muito à opinião do jornalista. Assim o leitor tem a impressão de estar
sendo informado de dois fatos, mas é induzido a aceitar uma única opinião como a mais convincente. Vamos ver um exemplo. Um
viaduto desmoronou, um caminhão caiu e o motorista morreu. O texto, depois de relatar rigorosamente o fato, dirá: Ouvimos o senhor
Rossi, 42 anos, que tem uma banca de jornal na esquina. Fazer o quê, foi uma fatalidade, disse ele, sinto pena desse coitado, mas
destino é destino. Logo depois um senhor Bianchi, 34 anos, pedreiro que estava trabalhando numa obra ao lado, dirá: É culpa da
prefeitura, que esse viaduto estava com problemas eu já sabia há muito tempo. Com quem o leitor se identificará? Com quem culpa
alguém ou alguma coisa, com quem aponta responsabilidade. Está claro? O problema é no quê e como pôr aspas.
ECO, Umberto. Número Zero. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 55-6.
A
Ao mencionar “um princípio fundamental do jornalismo democrático: fatos separados de opiniões", Simei destaca que os
jornais seguem rigorosamente esse princípio
B
Ao dizer que “o leitor tem a impressão de estar sendo informado de dois fatos, mas é induzido a aceitar uma única opinião",
Colonna explicita uma forma de manipulação da opinião do leitor.
C
Na primeira linha do texto, Simei faz uma retificação (“...seguir, ou dar mostras de seguir...") para deixar claro que o
jornalista deve não só separar fatos de opiniões como indicar isso explicitamente nos artigos.
D
Ao afirmar que “é fato que há opiniões diferentes sobre um caso, e o jornal expõe esse fato irretorquível", Colonna destaca
a imparcialidade do jornal ao incluir nos artigos opiniões divergentes.
E
Ao afirmar, no final do texto, que “o problema é no quê e como pôr aspas", Colonna enfatiza a importância da fidelidade
na citação das palavras das testemunhas de cada fato noticiado.