Em qual das opções abaixo, a retirada da(s) vírgula(s) não acarretaria alteração semântica:
TEXTO III
Os problemas de escrita nas empresas que podem tornar a comunicação profissional um inferno
A comunicação é um ato diário e constante, que faz a diferença entre o sucesso e o fracasso de relações
profissionais, pessoais e familiares. No entanto, muitas pessoas preferem transferir o problema ao leitor ou
interlocutor, afirmando que ele não é capaz de entender a sua mensagem. Nunca param para analisar que a
limitação pode estar na maneira como se expressam.
Para eliminar essa barreira comportamental rumo ao sucesso na comunicação, temos de deixar de lado a
postura egoísta que registramos na infância. Ainda bebês, mesmo com muita dificuldade, limitações e erros, nossos
pais e familiares conseguem nos entender, passando a falsa imagem de que é fácil sermos entendidos e não há
necessidade de nos esforçarmos.
No mundo corporativo, há anos já não existe mais a figura da secretária de departamento responsável pela
elaboração e revisão de comunicados, apresentações e relatórios. Na era do conhecimento e da internet, em que qualquer funcionário escreve e-mails para toda a empresa, fornecedores e clientes, e não raro escreve em nome da
empresa, a exigência da comunicação eficiente em português tornou-se fundamental.
O e-mail se consolidou como uma ferramenta de comunicação corporativa, mas também é um documento
que, na maioria das empresas, ficará arquivado por muito tempo, um registro de erros. Por isso, é preciso que as
pessoas dediquem uma especial atenção a essa modalidade de interação.
(Lígia Velozo Crispino)
Gabarito comentado
Tema central: Pontuação – Uso da vírgula em orações subordinadas adjetivas, aposto explicativo e orações adverbiais. A questão avalia o entendimento da norma-padrão quanto às mudanças de sentido provocadas pela presença ou ausência da vírgula nesses casos.
Alternativa correta: E) “o preço do petróleo subiu muito, como previam os analistas.”
Justificativa: A expressão “como previam os analistas” é uma oração subordinada adverbial comparativa. Neste caso, o uso da vírgula antes da oração (ou sua retirada) não altera o sentido da frase, conforme orientação de Bechara (“Moderna Gramática Portuguesa”, 2022), que afirma: “A vírgula entre oração principal e subordinada adverbial é comumente empregada por clareza, mas sua ausência não resulta em ambiguidade ou alteração semântica nos casos em que a conexão é clara.” Trata-se, portanto, de uma vírgula opcional.
Análise das alternativas incorretas:
A) “os candidatos, que fizeram propaganda irregular, foram multados...” — A oração explicativa, ao perder as vírgulas, torna-se restritiva, ou seja, o sentido passa de todos os candidatos terem feito a propaganda para apenas alguns. Altera o significado, pois as vírgulas distinguem explicação de restrição.
B) “meu irmão, que é arquiteto, tem escritório...” — Aqui, as vírgulas indicam que só há um irmão e ele é arquiteto (explicação). Sem as vírgulas, ficaria restritivo: só o irmão que é arquiteto tem escritório. Muda-se o significado.
C) “o advogado do jornalista, João da Silva, requereu...” — “João da Silva” funciona como aposto explicativo, obrigando o uso das vírgulas. Removê-las fundiria termos distintos, alterando a estrutura e a clareza do texto.
D) “colhemos as laranjas, que estavam maduras.” — Vírgulas = todas estavam maduras (explicação); sem vírgulas = apenas as maduras foram colhidas (restrição). Altera o sentido.
Resumo da estratégia:
Sempre observe quando a vírgula separa explicação (informação acessória) ou restrição (informação essencial), especialmente em orações adjetivas e apostos. Nas adverbiais, atente para a possibilidade da vírgula ser opcional quando não houver risco de ambiguidade.
Referências: Bechara, Evanildo; Cunha & Cintra – Gramáticas da Língua Portuguesa.
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