O termo “pena”, utilizado no segundo verso de “Poesia”, tem o significado de peça que se adapta à caneta, ou
é a própria caneta, ou ainda corresponde ao instrumento com que se escreve. A palavra, porém, tem outros
sentidos dicionarizados.
Assinale a alternativa em que se estabelece a correta correlação entre a palavra empregada no poema e os
demais sentidos.
O termo “pena”, utilizado no segundo verso de “Poesia”, tem o significado de peça que se adapta à caneta, ou é a própria caneta, ou ainda corresponde ao instrumento com que se escreve. A palavra, porém, tem outros sentidos dicionarizados.
Assinale a alternativa em que se estabelece a correta correlação entre a palavra empregada no poema e os demais sentidos.
Leia os poemas a seguir, de Carlos Drummond de Andrade, e responda à questão.
Sentimental
Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!
– Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
“Neste país é proibido sonhar”.
Poema do jornal
O fato ainda não acabou de acontecer
e já a mão nervosa do repórter
o transforma em notícia.
O marido está matando a mulher.
A mulher ensanguentada grita.
Ladrões arrombam o cofre.
A polícia dissolve o meeting.
A pena escreve.
Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.
Poesia
Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 35; 41; 45).
Leia os poemas a seguir, de Carlos Drummond de Andrade, e responda à questão.
Sentimental
Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!
– Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
“Neste país é proibido sonhar”.
Poema do jornal
O fato ainda não acabou de acontecer
e já a mão nervosa do repórter
o transforma em notícia.
O marido está matando a mulher.
A mulher ensanguentada grita.
Ladrões arrombam o cofre.
A polícia dissolve o meeting.
A pena escreve.
Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.
Poesia
Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 35; 41; 45).
O uso do termo com o sentido de “tristeza, amargura, pesar” cabe, pois este estado de espírito se sobrepõe à expressão da satisfação fugaz que acomete o sujeito lírico.
Gabarito comentado
Comentário da Questão – Interpretação e Semântica: Polissemia do termo “pena”
Tema central: A questão exige análise semântica, ou seja, a identificação do significado preciso da palavra “pena” no contexto do poema “Poesia” de Carlos Drummond de Andrade e a avaliação quanto à aplicabilidade dos demais sentidos dicionarizados.
Segundo Cunha & Cintra e Bechara, a polissemia é a propriedade que uma palavra tem de apresentar vários significados. Portanto, identificar o que é sugerido pelo contexto é essencial e muito frequente em provas de interpretação.
Alternativa correta: D
A alternativa D afirma que o sentido de “castigo, condenação, penitência” deve ser descartado, pois é superado pela carga de emoção no processo criativo do sujeito lírico. De fato, no poema, “pena” é o instrumento de escrita (caneta ou apena), como reforça o verso: “que a pena não quer escrever”. Não há indício de punição ou castigo – prevalece o conflito criativo.
Estratégia: Sempre relacione o termo com o contexto do trecho. Pergunte-se: o verso sugere sofrimento, punição, compaixão ou fala de escrever?
Análise das demais alternativas:
A) Incorreta — Não há punição ou reparação: o foco é o bloqueio criativo, não culpa ou sanção.
B) Incorreta — Não se trata de euforia, mas de tensão criativa; descarta-se sofrimento no sentido proposto.
C) Incorreta — Não há predominância de pesar ou amargura; a satisfação não é “fugaz” nem superada pela tristeza.
E) Incorreta — Ausência de sentimentalismo, piedade ou ironia; não há referência à compaixão no poema.
Resumo da Regra: No estudo da polissemia, a alternativa correta é aquela que interpreta a palavra considerando seu emprego preciso no texto, e não apenas seu sentido dicionarizado.
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