As normas sintáticas da concordância e da regência
verbal foram integralmente respeitadas na seguinte
alternativa:
Como e por que leio o romance brasileiro
Leitora apaixonada, fã de carteirinha, me envolvo com os
romances de que gosto: curto, torço, roo as unhas, leio de
novo um pedaço que tenha me agradado de forma
particular. Se não gosto, largo no meio ou até no começo. O
autor tem vinte ou trinta páginas para me convencer de que
seu livro vai fazer diferença. Pois acredito piamente que a
leitura faz a diferença. Se não, adeus! O livro volta para a
estante e vou cuidar de outra coisa...
Ao terminar a leitura de um romance de que gosto, fico
com vontade de dividi-lo com os amigos. Recomendar a
leitura, emprestar, dar de presente. Mas, sobretudo,
discutir. Nada melhor do que conversar sobre livros... eu
acho uma coisa, meu amigo acha outra, a colega discorda
de nós dois...
Na discussão, pode tudo, só não pode não achar nada
nem concordar com todo mundo. No fim do papo, cada um
fica mais cada um, ouvindo os outros. Quem sabe o livro
tem mais de um sentido? Como foi mesmo aquele lance? E
aquele personagem... vilão ou herói?
Na minha geração e nas minhas relações, é assim que
se lê romance.
A leitura de romance, no entanto, não é só esta leitura
envolvida e vertiginosa. Junto com o suspense, ao lado do
mergulho na história, transcorre o tempo de decantação.
Enredo, linguagem e personagens depositam-se no leitor.
Passam a fazer parte da vida de quem lê. Vêm à tona meio
sem aviso, aos pedaços, evocados não se sabe bem por
quais articulações...
Vida e literatura enredam-se em bons e em maus
momentos, e os romances que leio passam a fazer parte da
minha vida, me expressam em várias situações.
Marisa Lajolo. Como e por que ler o romance brasileiro. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2004, p. 13-14.
Gabarito comentado
Tema central: Esta questão aborda as normas de concordância verbal, regência verbal e uso do acento indicativo de crase, aspectos essenciais da sintaxe segundo a norma-padrão da Língua Portuguesa. Saber aplicar essas regras é fundamental para garantir clareza, correção e precisão na escrita, como enfatizam gramáticos reconhecidos (Bechara, Cunha & Cintra).
Análise da alternativa correta (D):
“As escolas mais tradicionais haviam deixado à escolha de cada um os romances para leitura e para a elaboração de resenhas.”
A alternativa D apresenta uso correto da norma culta:
- Concordância verbal: “haviam deixado” concorda com o sujeito plural "As escolas...".
- Crase: "à escolha" está correto. O verbo “deixar” pode ser transitivo direto e indireto, exigindo preposição “a” antes de “escolha” (substantivo feminino); há fusão de preposição + artigo (“a” + “a escolha” = “à escolha”).
- Regência: Toda a construção respeita a exigência das preposições.
Por que as demais estão erradas?
A) “vem à tona...” – O sujeito é composto ("Enredo, linguagem e personagens"), o verbo deveria ser “vêm”.
“à ficar” – Não ocorre crase antes de verbo no infinitivo; o correto é “a ficar”.
B) “Nenhum dos romances que leio passa...”, pois o núcleo do sujeito (“Nenhum”) está no singular.
“à mim” – Não se usa crase antes de pronomes pessoais; correto é “a mim”.
“à cada situação” – Sem crase antes de “cada”.
C) “Haviam situações...” – O verbo “haver” com sentido de existir deve ser impessoal, SEMPRE no singular (“havia”).
“voltar as estantes” – O certo é “voltar às estantes”. Plural feminino pede crase.
E) “Fazem muitos anos...” – “Fazer” indicando tempo é impessoal (“Faz muitos anos” - singular).
“passaram à estimular” – Não ocorre crase antes de verbos (correto: “a estimular”).
“à todos interessava” – Nunca se usa crase antes de pronome indefinido (“a todos”).
Dicas importantes:
- Atenção à análise do núcleo do sujeito para escolher a forma verbal correta.
- Crase: só ocorre diante de substantivo feminino que pede artigo e exige preposição.
- Nunca use crase antes de verbos, pronomes pessoais ou indefinidos.
- Verbos impessoais (“haver” e “fazer”, indicando tempo ou existir) são sempre usados no singular.
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