Questão b1446a2f-5a
Prova:UFG 2011
Disciplina:Literatura
Assunto:Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Como escrita literária contemporânea, Mãos de Cavalo, de Daniel Galera, e o conjunto de poemas Minigrafias, de Luís Araujo Pereira, são obras nas quais

A
o sentido de memória do vivido concatenaram as par­tes, dadas, à primeira leitura, como fragmentos, sem conexão.
B
o conflito de estar no mundo angustia a voz das per­sonagens, no romance, e a voz do eu lírico, no poe­ma.
C
o embate entre a representação do mundo e a pala­vra escrita prevalece, mantendo o discurso atento ao próprio fazer artístico.
D
o tempo e o espaço são representações dadas em di­álogo com a tradição da prosa de ficção e da poesia.
E
o detalhismo das descrições torna evidente, em pri­meira instância, um modo mais realista de represen­ tação do mundo.

Gabarito comentado

P
Pedro Fonseca Monitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa A

Tema central: a questão trata da estrutura fragmentária em obras contemporâneas e do papel da memória na articulação desses fragmentos. Para responder, é preciso reconhecer como forma e conteúdo se relacionam: nem sempre a unidade vem da continuidade linear, mas da recordação que une episódios aparentemente díspares.

Resumo teórico breve: na literatura contemporânea, a fragmentação é recurso comum para representar memória, subjetividade e temporalidades descontínuas. Autores e críticos (ver, por exemplo, Linda Hutcheon, A Poetics of Postmodernism, 1988; Paul Ricoeur, Memory, History, Forgetting, 2004) mostram que fragmentos podem ser concatenados por uma lógica de rememoração, identidade ou emoção, formando sentido mesmo sem sequencialidade tradicional.

Justificativa da alternativa A: tanto Mãos de Cavalo (Daniel Galera) quanto Minigrafias (Luís Araujo Pereira) trabalham com unidades curtas — episódios, microtextos ou poemas—que, à primeira leitura, parecem isolados. O que os liga é o sentido de memória do vivido: lembranças, impressões e emoções do sujeito/narrador que organizam e dão coesão interna aos fragmentos. Assim, a leitura posterior revela conexões temáticas e afetivas que concatenam as partes.

Análise das alternativas incorretas:

B (errada): afirma conflito existencial como marca exclusiva das vozes; embora angústia possa aparecer, a proposta da questão é formal — fragmentação e memória — não a predominância do conflito existencial nas vozes.

C (errada): fala do embate entre representação do mundo e palavra escrita (meta‑discurso). Isso remete a obras autoconscientes sobre o fazer artístico; não é a característica principal de Mãos de Cavalo e Minigrafias, que privilegiam recordação e fragmento, não uma reflexão programática sobre linguagem.

D (errada): generaliza que tempo e espaço dialogam com a tradição da prosa e poesia — muito vaga. A ênfase aqui é na maneira contemporânea de fragmentar memória, não em um simples diálogo com tradição formal.

E (errada): aponta detalhismo e realismo como leitura primária. Pelo contrário, as obras citadas tendem à condensação e ao fragmento; o realismo descritivo extenso não é característica central.

Dica de resolução de questões: identifique palavras-chave do enunciado (aqui: "fragmentos", "memória", "concatenaram as partes") e verifique qual alternativa trata da mesma modalidade (forma + função). Desconfie de opções muito gerais ou que mudem o foco (ex.: formal → temático).

Fontes indicadas: Linda Hutcheon, A Poetics of Postmodernism (1988); Paul Ricoeur, Memory, History, Forgetting (2004).

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