Da mesma forma que a sociologia do trabalho como disciplina específica surgiu há poucas décadas, levando o sociólogo a interagir com outras áreas das ciências humanas, a sociologia do esporte é também muito recente. No Brasil, o mais popular dos esportes — o futebol — praticamente começou a ser objeto de estudo nos meios acadêmicos com o antropólogo Roberto Da Matta, esforço que continua e avança com historiadores do Núcleo de Memória Social dos Esportes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e com o Núcleo de Sociologia do Futebol, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
A partir dessas informações e considerando as transformações em curso no campo de trabalho da sociologia, julgue o item seguinte.
Dado que cada civilização constrói suas próprias referências, gestos aparentemente simples e banais, como andar, cantar, chorar e comer, podem ser praticados das mais diversas formas.
A partir dessas informações e considerando as transformações em curso no campo de trabalho da sociologia, julgue o item seguinte.
Dado que cada civilização constrói suas próprias referências, gestos aparentemente simples e banais, como andar, cantar, chorar e comer, podem ser praticados das mais diversas formas.
Gabarito comentado
Alternativa correta: C — Certo
Tema central: a afirmação trata da construção social das práticas corporais — isto é, como gestos e modos de agir são aprendidos e variam conforme referências culturais. Esse é um tema central da sociologia e da antropologia cultural e relevante para entender o mundo do trabalho, do esporte e das rotinas sociais.
Resumo teórico claro: desde Marcel Mauss (Techniques of the Body, 1934) sabemos que as “técnicas corporais” (andar, comer, sentar, cumprimentar) são socialmente ensinadas e diferem entre sociedades. Pierre Bourdieu (Outline of a Theory of Practice) amplia isso com o conceito de habitus — disposições incorporadas que orientam práticas cotidianas. No Brasil, Roberto Da Matta aplicou essas lentes ao esporte e à cultura, mostrando como práticas aparentemente naturais são carregadas de significado social.
Exemplos práticos: comer com as mãos (Índia) versus com talheres (Europa); saudação com beijo no rosto (Brasil) versus aperto de mão formal (outros contextos); normas sobre choro em público que variam por gênero e cultura. No futebol, rituais de torcida e gestos dos jogadores mostram codificações culturais próprias.
Justificativa da correção: a expressão “cada civilização constrói suas próprias referências” aponta diretamente para a ideia de que práticas corporais são culturalmente determinadas. Logo, dizer que gestos “aparentemente simples e banais” podem se manifestar de maneiras diversas entre sociedades é uma afirmação consistente com evidência teórica e empírica — por isso a assertiva é certa.
Dica de prova — como identificar a resposta: procure termos que indiquem construção social (construir, referências, cultural, civilização). Relacione-os a autores-chave (Mauss, Bourdieu) e a evidências empíricas. Cuidado com enunciados que confundem habilidade biológica universal com forma cultural de expressão; emoções básicas têm componentes universais, mas suas manifestações públicas obedecem a regras culturais (ver Paul Ekman: display rules).
Fontes sugeridas: Marcel Mauss, Techniques of the Body (1934); Pierre Bourdieu, Outline of a Theory of Practice; textos de Roberto Da Matta sobre cultura e esporte; Paul Ekman sobre regras de expressão emocional.
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