Questão a365fca8-b1
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Sobre o trecho, assinale a alternativa correta.
Sobre o trecho, assinale a alternativa correta.
Leia o trecho a seguir, que dá início à quarta parte – “Resgate”, de Senhora, e responda à questão.
Havia baile em São Clemente. Aurélia ali estava como sempre, deslumbrante de formosura, de espírito
e de luxo. Seu traje era um primor de elegância; suas jóias valiam um tesouro, mas ninguém apercebia-se disso. O que se via e admirava era ela, sua beleza, que enchia a sala, como um esplendor. O baile
em vez de fatigá-la, ao contrário a expandia. Semelhante às flores tropicais, filhas do sol, que ostentam
o brilhante matiz nas horas mais ardentes do dia, era justamente nesse pélago de luz e paixões, que
Aurélia revelava toda a opulência de sua beleza. Seixas a contemplava de parte. As outras moças,
de meia noite em diante, começavam a murchar-se; o cansaço desbotava-lhes a cor, ou afogueava-lhes o rosto. O talhe denunciava o excesso da fadiga na languidez das inflexões ou na rispidez do
gesto. Aurélia ao contrário, à medida que adiantava-se a noite, desferia de si mais seduções, e parecia
entrar na plenitude de sua graça. A correção artística de seu traje ia desaparecendo no bulício do baile.
Como o primeiro esboço que surge afinal do cinzel impetuoso do artista, ao fogo da inspiração, sua
estátua recebia da admiração da turba os últimos toques. Quando em torno se revolvia o turbilhão, ela
conservava sua inalterável serenidade. O colo arfava-lhe mansamente, ao influxo das brandas emoções;
o sorriso coalhava-se em enlevos nos lábios entreabertos, por onde escapava-se a respiração calma.
Desprendia-se de seus olhos, de toda sua pessoa, uma efusão celeste que era como a sua irradiação.
Quando completou-se esta assunção de sua beleza, o baile estava a terminar.
(ALENCAR, J. de. Senhora. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1971. p. 225-6.)
Leia o trecho a seguir, que dá início à quarta parte – “Resgate”, de Senhora, e responda à questão.
Havia baile em São Clemente. Aurélia ali estava como sempre, deslumbrante de formosura, de espírito
e de luxo. Seu traje era um primor de elegância; suas jóias valiam um tesouro, mas ninguém apercebia-se disso. O que se via e admirava era ela, sua beleza, que enchia a sala, como um esplendor. O baile
em vez de fatigá-la, ao contrário a expandia. Semelhante às flores tropicais, filhas do sol, que ostentam
o brilhante matiz nas horas mais ardentes do dia, era justamente nesse pélago de luz e paixões, que
Aurélia revelava toda a opulência de sua beleza. Seixas a contemplava de parte. As outras moças,
de meia noite em diante, começavam a murchar-se; o cansaço desbotava-lhes a cor, ou afogueava-lhes o rosto. O talhe denunciava o excesso da fadiga na languidez das inflexões ou na rispidez do
gesto. Aurélia ao contrário, à medida que adiantava-se a noite, desferia de si mais seduções, e parecia
entrar na plenitude de sua graça. A correção artística de seu traje ia desaparecendo no bulício do baile.
Como o primeiro esboço que surge afinal do cinzel impetuoso do artista, ao fogo da inspiração, sua
estátua recebia da admiração da turba os últimos toques. Quando em torno se revolvia o turbilhão, ela
conservava sua inalterável serenidade. O colo arfava-lhe mansamente, ao influxo das brandas emoções;
o sorriso coalhava-se em enlevos nos lábios entreabertos, por onde escapava-se a respiração calma.
Desprendia-se de seus olhos, de toda sua pessoa, uma efusão celeste que era como a sua irradiação.
Quando completou-se esta assunção de sua beleza, o baile estava a terminar.
(ALENCAR, J. de. Senhora. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1971. p. 225-6.)
A
A comparação com elementos da natureza auxilia na caracterização romântica da personagem Aurélia, marcada pela exaltação.
B
A mansidão descrita ao final do trecho revela a proximidade entre a heroína e o modo com que parnasianos e
naturalistas retratavam as mulheres.
C
O fato de ninguém notar o valor das joias de Aurélia comprova a frivolidade das pessoas que compareceram
ao baile, o que revela um recurso romântico para diferenciar heróis de pessoas comuns.
D
O retrato da personagem construído no trecho mostra como a lascívia é parte significativa no caráter da heroína, o que vale também para outros romances românticos.
E
O trecho flagra a oscilação da imagem da heroína: entre a sensualidade e a discrição; tal instabilidade é típica
dos romances realistas.