Leia o fragmento a seguir:

“Os números não nos permitem enganos sobre a situação fundiária no Brasil. Com um território continental de 850 milhões de hectares, dos quais 390 milhões são próprios para a atividade agrícola, 120 milhões de hectares estão ociosos, conforme informam dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). No país dos sem-terra, quase 60% das áreas rurais são grandes extensões que pertencem a menos de 3% dos proprietários”.
FERREIRA, Carla. Os tropeços da modernização agrária. Lemond Diplomatique, 01/10/2002. Disponível em: http://diplomatique.uol.com.br/acervo.php?id=59 Acesso em: 02 de maio de 2011.

Qual das proposições seguintes não está estritamente relacionada com a reportagem?

Existe no Brasil uma quantidade considerável de terras agricultáveis. Estas, entretanto, estão concentradas nas mãos de uma minoria da população.

O MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra – é um dos maiores movimentos de luta pela terra no Brasil. A concentração fundiária, a desigualdade social, a não-realização de uma reforma agrária no Brasil etc estão entre os fatores que explicam sua existência.

Toda a história de formação do espaço agrário brasileiro é constituída por conflitos, pois sempre houve uma concentração de terras nas mãos das elites dominantes e isto implica que uma considerável parcela da população está privada do acesso à terra.

A história de luta pelo acesso à terra no Brasil é uma história da luta contra a concentração fundiária, ou seja, uma luta que visa a implementar processos que reformulem a estrutura fundiária do pais.

As exportações de produtos agrícolas brasileiros comparativamente aos produtos industrializados no início do século XXI são menores do que nas primeiras décadas do século XX.

Gabarito comentado

Jair CaldeiraMonitor do Qconcursos

Gabarito: E

Tema central: concentração fundiária e seus desdobramentos (terras ociosas, conflito agrário e movimentos sociais). A questão exige identificar a proposição que não está relacionada ao fragmento sobre distribuição de terras no Brasil.

Resumo teórico: A estrutura fundiária brasileira é marcada por forte concentração de terras, presença de grandes latifúndios, existência de áreas agricultáveis ociosas e reivindicações por reforma agrária. Fontes úteis: dados do INCRA, Censo Agropecuário do IBGE e estudos sobre o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Por que a alternativa E é a correta? O enunciado trata da situação fundiária (quantidade de terras, terras ociosas, concentração nas mãos de poucos). A alternativa E fala sobre exportações de produtos agrícolas vs. produtos industrializados em diferentes períodos do século — tema econômico/externo e temporal diferente, que não é abordado no fragmento. Portanto, E não está estritamente relacionada ao texto.

Análise das alternativas incorretas:

A: Afirma concentração de terras agricultáveis nas mãos de uma minoria — corresponde diretamente ao dado do fragmento (menos de 3% dos proprietários concentram grandes áreas).

B: Relaciona a existência do MST à concentração fundiária e à falta de reforma agrária — explicação coerente com o contexto apresentado (sem-terra e desigualdade fundiária).

C: Declara que a formação do espaço agrário é marcada por conflitos e exclusão do acesso à terra — sintetiza a lógica histórica que fundamenta o fragmento.

D: Afirma que as lutas pelo acesso à terra visam reformular a estrutura fundiária — é consequência direta da crítica à concentração mencionada no texto.

Dica de prova: Ao ler “qual NÃO está relacionado”, foque no assunto principal do enunciado (aqui: distribuição e acesso à terra). Elimine alternativas que retomam explicitamente esse campo sem introduzir temas estranhos (comércio exterior, indústria, temporalidades diversas).

Fontes sugeridas para aprofundar: INCRA (relatórios sobre propriedade rural), IBGE (Censo Agropecuário) e estudos sobre o MST.

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