Atente para o seguinte trecho extraído de
uma reportagem do Jornal Estadão:
“Bikeboys rodam 12 horas por dia e 7 dias por
semana para ganhar R$ 936
Renato Jakitas e Tiago Queiroz
São Paulo - 15/09/201908h28
“[...] Existem cerca de 30 mil entregadores ciclistas
cadastrados nos aplicativos de entrega de comida na
capital paulista. O número dá a dimensão de uma
atividade que, há um ano, passava desapercebida em São Paulo. Hoje, os ciclistas com caixa nas
costas tomam as paisagens dos centros comerciais
nas horas de pico da fome – das 12h às 15h e das
19h às 22h –, além de serem presença constante
em calçadas próximas a shopping centers,
restaurantes ou supermercados nos fins de semana.
Um perfil desse trabalhador foi traçado em junho
pela Associação Brasileira do Setor de Bicicletas
(Aliança Bike), coordenado pelo instituto
Multiplicidade e apoiado pelo Laboratório de
Mobilidade Urbana da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ). Após entrevistas com 270
ciclistas em São Paulo, o levantamento concluiu que
75% desses profissionais têm idade entre 18 e 27
anos e, como Samuel Marques, pedalam cerca de 12
horas por um salário médio mensal de R$ 936.
Realizam diariamente dez entregas, a R$ 5 cada.
Seis em cada dez ciclistas trabalham todos os dias
da semana, sem folgas”.
Trecho de matéria disponível em:
https://economia.uol.com.br/noticias/estadaoconteudo/2019/09/15/bikeboys-rodam-12-horas.htm
Acesso em: 10/11/2019.
Partindo de uma perspectiva sociológica crítica sobre
essas novas condições de exploração do trabalho de
prestação de serviços na era digital, assinale a
afirmação verdadeira.
Atente para o seguinte trecho extraído de uma reportagem do Jornal Estadão:
“Bikeboys rodam 12 horas por dia e 7 dias por semana para ganhar R$ 936
Renato Jakitas e Tiago Queiroz
São Paulo - 15/09/201908h28
“[...] Existem cerca de 30 mil entregadores ciclistas cadastrados nos aplicativos de entrega de comida na capital paulista. O número dá a dimensão de uma atividade que, há um ano, passava desapercebida em São Paulo. Hoje, os ciclistas com caixa nas costas tomam as paisagens dos centros comerciais nas horas de pico da fome – das 12h às 15h e das 19h às 22h –, além de serem presença constante em calçadas próximas a shopping centers, restaurantes ou supermercados nos fins de semana.
Um perfil desse trabalhador foi traçado em junho pela Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), coordenado pelo instituto Multiplicidade e apoiado pelo Laboratório de Mobilidade Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Após entrevistas com 270 ciclistas em São Paulo, o levantamento concluiu que 75% desses profissionais têm idade entre 18 e 27 anos e, como Samuel Marques, pedalam cerca de 12 horas por um salário médio mensal de R$ 936. Realizam diariamente dez entregas, a R$ 5 cada. Seis em cada dez ciclistas trabalham todos os dias da semana, sem folgas”.
Trecho de matéria disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/estadaoconteudo/2019/09/15/bikeboys-rodam-12-horas.htm Acesso em: 10/11/2019.
Gabarito comentado
Resposta correta: alternativa C
Tema central: trata-se da precarização do trabalho na era digital — o chamado trabalho em plataformas (gig economy) — e sua relação com informalidade, jornadas longas e baixos ganhos.
Resumo teórico (claro e progressivo): o trabalho em plataformas conecta prestadores e consumidores por aplicativos, mas frequentemente desloca direitos trabalhistas clássicos (CLT) para contratos de prestação autônoma. Conceitos-chave: precarização (perda de proteção social), informalidade (ausência de vínculo formal) e uberização (controle algorítmico + remuneração por tarefa). Fontes relevantes: Guy Standing, The Precariat (2011); ILO, relatórios sobre trabalho em plataformas (2018–2019).
Por que a alternativa C é correta: ela descreve com precisão o fenômeno sociológico observado: trabalho intermitente e informal realizado em plataformas tende a reduzir ganhos reais e aumentar insegurança (sem férias, 13º, previdência), gerando jornadas extensas para atingir renda mínima. A alternativa sintetiza causa (novas modalidades) e efeito (precarização e queda do ganho) coerentes com evidências acadêmicas e relatórios da OIT.
Análise das alternativas incorretas:
A: erro por reinterpretação ideológica — apresenta a necessidade como oportunidade empreendedora, ocultando a falta de escolha e a ausência de proteção social. Confunde empreendedorismo voluntário com trabalho forçado pela necessidade.
B: incorreta porque afirma que as novas modalidades trazem “muito mais vantagens e garantias”. A literatura e os dados mostram o inverso: flexibilidade aparente, mas sem garantias trabalhistas e rendimentos instáveis.
D: falaciosa ao chamar o trabalhador de “privilegiado” por poder escolher quando trabalhar. Na prática, a “flexibilidade” é limitada por algoritmos, metas e necessidade de longas jornadas para alcançar renda mínima — logo, não é privilégio real.
Estrategias para a prova: busque palavras-chave que indiquem perspectiva crítica (precarizado, informal, reduz ganhos). Desconfie de alternativas que usam termos absolutos positivos (empreender, garantias aumentadas, privilegiado) — costumam ser pegadinhas ideológicas. Relacione enunciado empírico a conceitos (informalidade, trabalho por tarefa, ausência de direitos).
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






