A mulher entra no quarto do filho decidida a ter uma
conversa séria. De novo, as respostas dele à interpretação
do texto na prova sugerem uma grande dificuldade de
ler. Dispersão pode ser uma resposta para parte do
problema. A extensão do texto pode ser outra, mas nesta
ela não vai tocar porque também é professora e não vai
lhe dar desculpas para ir mal na escola. Preguiça de ler
parece outra forma de lidar com a extensão do texto.
Ele está, de novo, no computador, jogando. Levanta os
olhos com aquele ar de quem pode jogar e conversar ao
mesmo tempo. A mãe lhe pede que interrompa o jogo e
ele pede à mãe “só um instante para salvar”. Curiosa, ela
olha para a tela e espanta-se com o jogo em japonês.
Pergunta-lhe como consegue entender o texto para jogar.
Ele lhe fala de alguma coisa parecida com uma “lógica
de jogo” e sobre algumas tentativas com os ícones. Diz
ainda que conhece a base da história e que, assim,
mesmo em japonês, tudo faz sentido. Aquela conversa
acabou sendo adiada. A mãe-professora, capturada por
outros sentidos de leitura, não se sentia pronta naquele
momento. Consciente, suspende a ação.
BARRETO, R. G. Formação de professores, tecnologias e linguagens: mapeando velhos
e novos (des)encontros. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).
A reação da mãe-professora frente às habilidades da
“geração digital” contemporânea reflete o desafio que se tem enfrentado de
A mulher entra no quarto do filho decidida a ter uma conversa séria. De novo, as respostas dele à interpretação do texto na prova sugerem uma grande dificuldade de ler. Dispersão pode ser uma resposta para parte do problema. A extensão do texto pode ser outra, mas nesta ela não vai tocar porque também é professora e não vai lhe dar desculpas para ir mal na escola. Preguiça de ler parece outra forma de lidar com a extensão do texto. Ele está, de novo, no computador, jogando. Levanta os olhos com aquele ar de quem pode jogar e conversar ao mesmo tempo. A mãe lhe pede que interrompa o jogo e ele pede à mãe “só um instante para salvar”. Curiosa, ela olha para a tela e espanta-se com o jogo em japonês. Pergunta-lhe como consegue entender o texto para jogar. Ele lhe fala de alguma coisa parecida com uma “lógica de jogo” e sobre algumas tentativas com os ícones. Diz ainda que conhece a base da história e que, assim, mesmo em japonês, tudo faz sentido. Aquela conversa acabou sendo adiada. A mãe-professora, capturada por outros sentidos de leitura, não se sentia pronta naquele momento. Consciente, suspende a ação.
BARRETO, R. G. Formação de professores, tecnologias e linguagens: mapeando velhos e novos (des)encontros. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).
A reação da mãe-professora frente às habilidades da
“geração digital” contemporânea reflete o desafio que se tem enfrentado de