Leia os dois textos que seguem.
TEXTO I
Nas últimas décadas do século XIX, as pessoas consideradas loucas eram equiparadas aos indivíduos classificados como desordeiros, unindo-se ao grupo dos incômodos e perigosos, que deveriam ser
postos longe da dita boa sociedade. A loucura adquiria ares de moléstia social.
Fonte: SOUSA, Fábio Henrique Gonçalves. A loucura no século XIX: questão de saúde ou moléstia social? http://www.outrostempos.uema.br/curso/anaisampuh/anaisfabio.htm Acesso 17-09-2015.
TEXTO II
Na obra, O Alienista, Machado de Assis narra a história do Dr. Simão Bacamarte. Leia a paráfrase a
seguir:
Após conquistar respeito em sua carreira de médico na Europa e no Brasil, o Dr. Simão Bacamarte
retorna à sua terra-natal, Itaguaí, para se dedicar ainda mais a sua profissão. Certo dia, o Dr. Bacamarte resolve se dedicar aos estudos da psiquiatria e constrói na cidade um manicômio chamado
Casa Verde, para abrigar todos os loucos da cidade e região.
Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/alienista-resumo-analise-conto-machado-assis-701990.shtml
Adaptado. Acesso 17-09-2015
Os textos referem-se ao contexto histórico do final do século XIX. A partir desse cenário e da obra
de Machado de Assis, é possível afirmar que a sociedade dessa época
Gabarito comentado
Tema central da questão: O foco está na percepção da loucura no final do século XIX, questionando em que medida a sociedade brasileira, representada na obra O Alienista de Machado de Assis, tratava comportamentos desviantes enquanto doença mental e como isso refletia práticas de exclusão social.
Explicação didática: No final do século XIX, influenciada pelo positivismo e pela ascensão da ciência, a loucura passa a ser vista como questão não só médica, mas também social. Loucos eram frequentemente internados e considerados perigosos à ordem, sendo os parâmetros de normalidade definidos mais pela pressão social do que pelo diagnóstico clínico.
Justificativa da alternativa correta (D): A alternativa D está correta pois expressa que qualquer desajuste comportamental danoso à sociedade era entendido como sinal de doença mental. Isso pode ser visto tanto no texto histórico apresentado quanto na obra de Machado, especialmente quando Dr. Simão Bacamarte expande os critérios de internação para englobar não apenas “loucos” clássicos, mas todos que fogem ao padrão social, numa crítica à arbitrariedade dos critérios de exclusão.
Análise das alternativas incorretas:
- A (Errada): Supõe ausência de preconceito. No entanto, a prática da internação servia como afastamento dos indesejados, reforçando o preconceito.
- B (Errada): Pressupõe critérios médicos claros, mas, como fica claro em O Alienista e no contexto histórico, havia internamentos arbitrários e não apenas técnicos.
- C (Errada): Diz que não havia vínculo entre saúde e poder, mas o poder exercido pelos médicos era explícito e servia ao controle social.
- E (Errada): No final do século XIX, o principal critério era o científico, não mais o religioso, devido ao avanço das ideias positivistas e da medicina.
Estratégias para provas: Atente-se a termos como “sem preconceitos”, “critérios claros”, “religiosos” e “desvinculava a noção de saúde e poder”, pois são generalizações que não correspondem ao contexto real ou literário. Busque sempre conectar o comportamento social descrito ao contexto e à crítica contida nas obras literárias exigidas.
Assim, compreender o papel histórico e literário da medicalização da diferença é essencial em questões deste tipo. Use essa análise para resolver questões semelhantes envolvendo crítica social nas escolas literárias.
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