Reparar que a grama do vizinho é mais verde nem
sempre indica inveja. Para o sociólogo Kenneth Gould, pode
ser um atestado de gentrificação. “A ironia é que a indústria ecológica cria espaços urbanos sustentáveis e é socialmente insustentável”, diz o diretor do programa de sustentabilidade urbana do Brooklyn College, da Universidade da Cidade de Nova York. Pense numa vizinhança deteriorada que ganha parque, ciclovia de “primeiro mundo” e
comércio “natureba”. Quem não iria querer morar lá? O
problema é que o mercado imobiliário provavelmente chegou à mesma conclusão que a maioria das pessoas. Com
tanta procura, os preços disparam. Os incomodados (em
geral, da classe C para baixo) que se mudem.
(Fonte: Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/06/1780795-industria-verde-expulsa-morador-mais-pobre-dizsociologo.shtml>. Acesso em: 20 ago. 2017.)
O processo de gentrificação relatado na reportagem
é excludente. Assinale a alternativa que apresenta os excluídos desse processo.
Gabarito comentado
Alternativa correta: D
Tema central: a questão trata de gentrificação — processo urbano em que melhorias físicas e ambientais (parques, ciclovias, comércio “qualificado”) atraem moradores de maior poder aquisitivo, elevam preços imobiliários e expulsam moradores de baixa renda.
Resumo teórico: o termo foi usado por Ruth Glass (1964) e aprofundado por autores como Neil Smith; Kenneth Gould destaca a variante chamada green gentrification, em que medidas ambientais tornam bairros mais desejáveis e, por consequência, socialmente excludentes. Efeito-chave: valorização imobiliária → aumento de aluguéis e impostos → deslocamento socioespacial.
Justificativa da alternativa D: a alternativa D afirma que são excluídos “moradores de baixa renda, devido à valorização dos imóveis na região gentrificada.” Esse enunciado descreve exatamente o mecanismo central do texto de apoio e da literatura: a demanda crescente por espaços qualificados encarece a moradia, tornando inviável a permanência de famílias de menor renda.
Análise das alternativas incorretas:
A — incorreta: oposição a ideias ambientalistas não é o critério de exclusão. A gentrificação exclui economicamente, não ideologicamente.
B — incorreta: reduzir a exclusão a “pessoas idosas” é generalização. A gentrificação não privilegia apenas jovens; seu eixo é econômico.
C — incorreta: falta de acessibilidade é problema real em algumas intervenções, mas não é a lógica principal do processo descrito; aqui o destaque é valorização imobiliária e deslocamento de baixa renda.
Dica de prova: ao ver palavras como “excludente” e “valorização dos imóveis”, associe imediatamente a grupos socioeconômicos vulneráveis. Desconfie de alternativas que troquem a causa (econômica) por aspectos culturais, etários ou técnicos sem relação direta com o enunciado.
Fontes sugeridas: Ruth Glass (1964); Neil Smith — teoria da gentrificação; Kenneth Gould — estudos sobre green gentrification (reportagem Folha, 2016).
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