Questão 811f4cd5-31
Prova:PUC - Campinas 2015
Disciplina:Literatura
Assunto:Quinhentismo, Escolas Literárias

Se no século XVI a presença de mitos e do imaginário fantástico se fazia notar nas artes e na literatura europeia, como em Os Lusíadas, de Camões, no Brasil isso não ocorria porque

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

      (...) os mitos e o imaginário fantástico medieval não foram subitamente subtraídos da mentalidade coletiva europeia durante o século XVI. (...) Conforme Laura de Mello e Sousa, “parece lícito considerar que, conhecido o Índico e desmitificado o seu universo fantástico, o Atlântico passará a ocupar papel análogo no imaginário do europeu quatrocentista”.

(VILARDAGA, José Carlos. Lastros de viagem: expectativas, projeções e descobertas portuguesas no Índico (1498- 1554). São Paulo: Annablume, 2010, p. 197) 

A
as tendências literárias mais sistemáticas no país privilegiavam as formas clássicas.
B
predominava entre nós a inclinação para as teses do Indianismo.
C
nossas manifestações literárias consistiam em descrições informativas e textos religiosos.
D
os jesuítas opunham-se a qualquer divulgação de literatura calcada em mitos pagãos.
E
não era do interesse do colonizador permitir a difusão da alta cultura europeia entre nós.

Gabarito comentado

C
Carolina Medeiros Monitor do Qconcursos

TEMA CENTRAL: O tema aborda a natureza da produção literária no Brasil colonial (século XVI), comparando-a à literatura europeia da mesma época, especialmente quanto à presença do imaginário fantástico, como o encontrado em Os Lusíadas.

EXPLICAÇÃO TEÓRICA: No Brasil do século XVI, a produção literária era predominantemente informativa ou religiosa. Escrita principalmente por cronistas, administradores coloniais e jesuítas, sua finalidade era documentar as terras descobertas, relatar aspectos do cotidiano e evangelizar os povos indígenas. Não havia espaço para a exploração dos mitos ou do universo fantástico típico da literatura europeia renascentista.

Diferentemente da Europa, onde obras como Os Lusíadas de Camões mesclavam história e mitologia, a literatura produzida aqui se prendia ao pragmatismo: registro, catequese, instrução e administração.

RESOLUÇÃO E JUSTIFICATIVA: A alternativa C é correta porque indica que "nossas manifestações literárias consistiam em descrições informativas e textos religiosos". Essa característica é amplamente discutida em manuais como Literatura Brasileira: dos primeiros cronistas ao Romantismo (Massaud Moisés), reforçando que a literatura do período era descritiva, factual e religiosa — não havia ambiente para o imaginário fantástico europeu.

ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS INCORRETAS:

A) Errada: O Classicismo não foi dominante no Brasil do século XVI. Nossa produção era orientada pela necessidade de relato e evangelização.

B) Errada: O Indianismo só surge no Romantismo (séc. XIX). Não faz sentido na literatura colonial inicial.

D) Errada: Os jesuítas se preocupavam mais com catequese do que com banir mitos pagãos da literatura — a proibição literal não é documentada.

E) Errada: Não é correto afirmar que havia clara oposição à difusão da cultura europeia, e sim ausência de interesse por literatura artística e mitológica.

ESTRATÉGIA PARA QUESTÕES SEMELHANTES: Atenção aos marcos históricos e características dominantes de cada período. Não confunda épocas e movimentos! Palavras como "Indianismo" devem ser associadas ao Romantismo, jamais ao período colonial.

CONCLUSÃO: No Brasil colonial, prevaleceram textos informativos e religiosos, sem literatura fantástica como na Europa do século XVI. Saber identificar as marcas de cada fase é essencial para acertar esse tipo de questão!

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