“Se tivessem liberdade de perseguir seus objetivos naturais, os instintos básicos do homem seriam incompatíveis
com toda a associação e preservação duradoura:”
A oração destacada, em relação à oração que a sucede, tem
o sentido de
Leia o texto de Herbert Marcuse para responder à questão.
O conceito de homem que emerge da teoria freudiana é a mais irrefutável acusação à civilização ocidental – e, ao mesmo tempo, a mais inabalável defesa dessa civilização. Segundo Freud, a história do homem é a história da sua repressão. A cultura coage tanto a sua existência social como a biológica, não só partes do ser humano, mas também sua própria estrutura instintiva. Contudo, essa coação é a própria precondição do progresso. Se tivessem liberdade de perseguir seus objetivos naturais, os instintos básicos do homem seriam incompatíveis com toda a associação e preservação duradoura: destruiriam até aquilo a que se unem ou em que se conjugam. Sua força destrutiva deriva do fato de eles lutarem por uma gratificação que a cultura não pode consentir: a gratificação como tal e como um fim em si mesma, a qualquer momento. Portanto, os instintos têm de ser desviados de seus objetivos, inibidos em seus anseios. A civilização começa quando o objetivo primário – isto é, a satisfação integral de necessidades – é abandonado.
(Eros e civilização, 1999. Adaptado.)
Gabarito comentado
Tema central: A questão avalia a identificação do sentido da oração introduzida pela conjunção “se”, ou seja, o reconhecimento de uma oração subordinada adverbial condicional. Trata-se de análise sintática, alinhada ao conteúdo fundamental da norma-padrão.
Justificativa da alternativa correta (D – condição): A expressão “Se tivessem liberdade de perseguir seus objetivos naturais” estabelece uma hipótese para o fato indicado na oração principal. Segundo a Nova Gramática do Português Contemporâneo (Cunha & Cintra), orações introdutórias por “se” expressam condição — um evento que só se realiza caso determinado fator se cumpra. No fragmento, a incompatibilidade dos instintos básicos com a associação e a preservação só ocorreria caso (ou “se”) houvesse liberdade aos instintos, ou seja, o fato principal depende dessa condição para existir.
Resumindo, temos:
“Se” + oração subordinada (condição/h1potese) → oração principal (consequência possível)
Exemplo similar: Se estudar, será aprovado.
Análise das alternativas incorretas:
A) Causa: Orações causais explicam o motivo de um fato, geralmente introduzidas por “porque”, “já que”. Aqui, “se” não expressa motivo, e sim uma condição hipotética. Ex: “Não saiu porque chovia.”
B) Alternativa: Orações alternativas ofertam escolhas, usando “ou”. Não há escolha no exemplo; há a apresentação de uma hipótese.
C) Consequência: Orações consecutivas mostram resultado de um fato, ligadas por “de modo que”, “tanto que”. O trecho não expressa desdobramento, mas algo que apenas poderia ocorrer caso fosse verdade a condição.
E) Explicação: Orações explicativas trazem justificativa ou esclarecimento, usando “porque”, “pois”. Não é o caso, pois não há explicação, mas sim uma hipótese apresentada.
Dica de prova: Atenção especial a conectivos: “se”, “caso”, “contanto que”, etc., costumam introduzir condição. Sempre questione se a ação principal depende da realização da ação subordinada — se sim, é condicional!
Resumo: O sentido da oração destacada é condição, conforme norma-padrão e principais gramáticas de referência.
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