João quer trabalhar, mas não consegue emprego.
Essa situação foi vivenciada por muitos trabalhadores
após a quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929. O populismo latino-americano emergiu na década de trinta e
enfrentou os problemas sociais causados pela crise econômica mundial através de reformas jurídico-políticas.
Assinale a alternativa que caracteriza as referidas reformas de maneira correta:
TEXTO 07
Gente pisando no calo de gente que bronqueia,
revolta, geme.
– Parado. Desce um lote de passageiros, levando na face
o marco do trabalho e da esperança.
João, de pé, com as mãos firmes no friso do friso do ônibus, pensa. Seus pensamentos voam às ruas,
correm contrariamente e desaparecem no turbilhão
das avenidas. João calcula: “Vida miserável, a gente tem disposição, quer trabalhar e não consegue emprego”.
– Parado. Desce outro lote de passageiros e sobe mais
gente. Espremido e revoltado, João matuta: “Vida
desgraçada: vinte oito anos, casado, pai de dois filhos,
desempregado, sem casa, sem dinheiro, sem destino”...
O coletivo corre pelo asfalto quente da Avenida Goiás em direção à Praça do Bandeirante, onde os
imponentes edifícios fazem guarda ao travesso Bartolomeu que ameaça incendiar os rios.(TELES, José Mendonça. João. In: ______. A Cidade do
Ócio. 4. ed. Goiânia: Editora Kelps. 2010, p. 43.)
Gabarito comentado
Gabarito: Alternativa C
Tema central: trata-se do populismo latino‑americano nas décadas de 1930–1940 — resposta estatal à crise de 1929 que buscou integrar trabalhadores urbanos por meio de legislação social e promover a industrialização por substituição de importações (ISI).
Resumo teórico (essencial): o populismo promoveu: aliança entre Estados e sindicatos, criação/expansão de direitos trabalhistas (salário, jornada, proteção social) e políticas protecionistas para incentivar indústrias nacionais. Exemplos: Vargas (Brasil) avançou com legislação trabalhista e, depois, CLT (1943); Perón (Argentina) consolidou direitos sociais e apoio sindical; Cárdenas (México) promoveu intervenção estatal e reformas sociais (incl. expropriações em 1938).
Justificativa da alternativa C: ela descreve corretamente o núcleo das reformas populistas: aliança com o movimento sindical (incorporando trabalhadores ao projeto estatal) e medidas protecionistas para fomentar indústrias nacionais — caracterização amplamente respaldada na bibliografia sobre populismo e desenvolvimento econômico latino‑americano (ver, por exemplo, estudos de Kurt Weyland e manuais de história e ciência política latino‑americana).
Análise das alternativas incorretas:
A — Parcialmente verdadeira (leis trabalhistas existiram), mas incorreta por generalizar: a nacionalização de multinacionais não foi ação uniforme dos governos populistas de modo amplo no continente; nacionalizações ocorreram em casos específicos (ex.: México 1938), não como regra em todos os regimes.
B — Incorreta historicamente: associa a reforma agrária às perdas territoriais do México (Texas/Califórnia, século XIX) e ao fato do Panamá — anacronismos e causalidades erradas. A reforma agrária entrou em agendas específicas (ex.: México, Bolivia), mas não por essas razões apontadas.
D — Errada na generalização política: embora alguns discursos populistas apelassem à unidade nacional, a descrição de uma aliança “estudantil‑operário‑camponesa” com negação das divisões de classe não corresponde ao padrão típico do populismo, que se baseou sobretudo na incorporação dos trabalhadores urbanos e em clientelismo estatal, não numa superação estrutural das classes.
Dica de prova: busque coerência temporal e evite alternativas que contenham anacronismos ou generalizações absolutas; procure palavras‑chave (sindicato, legislação trabalhista, protecionismo) que combinam com populismo dos anos 1930–40.
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