O mundo mudou
O mundo mudou. “O mundo mudou” porque está sempre
mudando. E sempre estará, até que um dia chegue o seu
alardeado fim (se é que chegará). Hoje vivemos “protegidos”
por muitos cuidados e paparicos, sempre sob a forma de
“serviços”, e desde que você tenha dinheiro para usá-los,
claro. Carro quebrou na marginal? Relaxe, o guincho da
seguradora virá em minutos resgatá-lo. Tem dificuldade
de locomoção? Espere, a empresa aérea disporá de uma
cadeira de rodas para levá-lo ao terminal. Surgiu uma goteira
no seu chalé em plenas férias de verão? Calma, o moço que
conserta telhados está correndo para lá agora. Vai ficando
para trás um outro mundo — de iniciativas, de gestos
solidários, de amizade, de improvisação (sim, “quem não
improvisa se inviabiliza”, eu diria, parafraseando Chacrinha).
Estamos criando uma geração que não sabe bater um
prego na parede, trocar um botijão de gás, armar uma rede.
É, o mundo mudou sim. Só nos resta o telefone do SAC,
onde gastaremos nossa bílis com impropérios ao vento; ou
o site da loja de eletrodomésticos onde ninguém tem nome
(que saudade dos Reginaldos, Edmilsons e Velosos!).
Ligaremos para falar com a nossa própria solidão, a
nossa dependência do mundo dos serviços e a nossa
incapacidade de viver com real simplicidade, soterrados
por senhas, protocolos e pendências vãs. Nem Kafka
poderia sonhar com tal mundo.
ZECA BALEIRO. Disponível em: www.istoe.com.br. Acesso em: 18 maio 2013 (adaptado).
O texto trata do avanço técnico e das facilidades
encontradas pelo homem moderno em relação à
prestação de serviços. No desenvolvimento da temática,
o autor
O mundo mudou
O mundo mudou. “O mundo mudou” porque está sempre mudando. E sempre estará, até que um dia chegue o seu alardeado fim (se é que chegará). Hoje vivemos “protegidos” por muitos cuidados e paparicos, sempre sob a forma de “serviços”, e desde que você tenha dinheiro para usá-los, claro. Carro quebrou na marginal? Relaxe, o guincho da seguradora virá em minutos resgatá-lo. Tem dificuldade de locomoção? Espere, a empresa aérea disporá de uma cadeira de rodas para levá-lo ao terminal. Surgiu uma goteira no seu chalé em plenas férias de verão? Calma, o moço que conserta telhados está correndo para lá agora. Vai ficando para trás um outro mundo — de iniciativas, de gestos solidários, de amizade, de improvisação (sim, “quem não improvisa se inviabiliza”, eu diria, parafraseando Chacrinha).
Estamos criando uma geração que não sabe bater um prego na parede, trocar um botijão de gás, armar uma rede. É, o mundo mudou sim. Só nos resta o telefone do SAC, onde gastaremos nossa bílis com impropérios ao vento; ou o site da loja de eletrodomésticos onde ninguém tem nome (que saudade dos Reginaldos, Edmilsons e Velosos!). Ligaremos para falar com a nossa própria solidão, a nossa dependência do mundo dos serviços e a nossa incapacidade de viver com real simplicidade, soterrados por senhas, protocolos e pendências vãs. Nem Kafka poderia sonhar com tal mundo.
ZECA BALEIRO. Disponível em: www.istoe.com.br. Acesso em: 18 maio 2013 (adaptado).
O texto trata do avanço técnico e das facilidades
encontradas pelo homem moderno em relação à
prestação de serviços. No desenvolvimento da temática,
o autor