Questão 76b0b71a-ad
Prova:
Disciplina:
Assunto:
O lado humorístico do conto decorre do fato de o velho Lima
O lado humorístico do conto decorre do fato de o velho Lima
O velho Lima
O velho Lima, que era empregado – empregado antigo –
numa das nossas repartições públicas, e morava no Engenho
de Dentro, caiu de cama, seriamente enfermo, no dia 14 de
novembro de 1889, isto é, na véspera da Proclamação da
República dos Estados Unidos do Brasil.
O doente não considerou a moléstia coisa de cuidado, e
tanto assim foi que não quis médico. Entretanto, o velho Lima
esteve de molho oito dias.
O nosso homem tinha o hábito de não ler jornais e, como
em casa nada lhe dissessem (porque nada sabiam), ele
ignorava completamente que o Império se transformara em
República.
No dia 23, restabelecido e pronto para outra, comprou
um bilhete, segundo o seu costume, e tomou lugar no trem,
ao lado do comendador Vidal, que o recebeu com estas
palavras:
– Bom dia, cidadão.
O velho Lima estranhou o cidadão, mas de si para si pensou
que o comendador dissera aquilo como poderia ter dito
ilustre, e não deu maior importância ao cumprimento, limitando-se
a responder:
– Bom dia, comendador.
– Qual comendador! Chama-me Vidal! Já não há mais
comendadores!
– Ora essa! Então por quê?
– A República deu cabo de todas as comendas! Acabaram-se!
O velho Lima encarou o comendador e calou-se, receoso
de não ter compreendido a pilhéria.
Ao entrar na sua seção, o velho Lima sentou-se e viu que
tinham tirado da parede uma velha litografia representando
D. Pedro de Alcântara. Como na ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe:
– Por que tiraram da parede o retrato de Sua Majestade?
O contínuo respondeu num tom lentamente desdenhoso:
– Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana?
– Pedro Banana! – repetiu raivoso o velho Lima.
– Não dou três anos para que isso seja República!
(Arthur Azevedo. Seleção de contos, 2014)
O velho Lima
O velho Lima, que era empregado – empregado antigo – numa das nossas repartições públicas, e morava no Engenho de Dentro, caiu de cama, seriamente enfermo, no dia 14 de novembro de 1889, isto é, na véspera da Proclamação da República dos Estados Unidos do Brasil.
O doente não considerou a moléstia coisa de cuidado, e tanto assim foi que não quis médico. Entretanto, o velho Lima esteve de molho oito dias.
O nosso homem tinha o hábito de não ler jornais e, como em casa nada lhe dissessem (porque nada sabiam), ele ignorava completamente que o Império se transformara em República.
No dia 23, restabelecido e pronto para outra, comprou um bilhete, segundo o seu costume, e tomou lugar no trem, ao lado do comendador Vidal, que o recebeu com estas palavras:
– Bom dia, cidadão.
O velho Lima estranhou o cidadão, mas de si para si pensou que o comendador dissera aquilo como poderia ter dito ilustre, e não deu maior importância ao cumprimento, limitando-se a responder:
– Bom dia, comendador.
– Qual comendador! Chama-me Vidal! Já não há mais comendadores!
– Ora essa! Então por quê?
– A República deu cabo de todas as comendas! Acabaram-se!
O velho Lima encarou o comendador e calou-se, receoso de não ter compreendido a pilhéria.
Ao entrar na sua seção, o velho Lima sentou-se e viu que tinham tirado da parede uma velha litografia representando D. Pedro de Alcântara. Como na ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe:
– Por que tiraram da parede o retrato de Sua Majestade?
O contínuo respondeu num tom lentamente desdenhoso:
– Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana?
– Pedro Banana! – repetiu raivoso o velho Lima.
– Não dou três anos para que isso seja República!
(Arthur Azevedo. Seleção de contos, 2014)
O velho Lima, que era empregado – empregado antigo – numa das nossas repartições públicas, e morava no Engenho de Dentro, caiu de cama, seriamente enfermo, no dia 14 de novembro de 1889, isto é, na véspera da Proclamação da República dos Estados Unidos do Brasil.
O doente não considerou a moléstia coisa de cuidado, e tanto assim foi que não quis médico. Entretanto, o velho Lima esteve de molho oito dias.
O nosso homem tinha o hábito de não ler jornais e, como em casa nada lhe dissessem (porque nada sabiam), ele ignorava completamente que o Império se transformara em República.
No dia 23, restabelecido e pronto para outra, comprou um bilhete, segundo o seu costume, e tomou lugar no trem, ao lado do comendador Vidal, que o recebeu com estas palavras:
– Bom dia, cidadão.
O velho Lima estranhou o cidadão, mas de si para si pensou que o comendador dissera aquilo como poderia ter dito ilustre, e não deu maior importância ao cumprimento, limitando-se a responder:
– Bom dia, comendador.
– Qual comendador! Chama-me Vidal! Já não há mais comendadores!
– Ora essa! Então por quê?
– A República deu cabo de todas as comendas! Acabaram-se!
O velho Lima encarou o comendador e calou-se, receoso de não ter compreendido a pilhéria.
Ao entrar na sua seção, o velho Lima sentou-se e viu que tinham tirado da parede uma velha litografia representando D. Pedro de Alcântara. Como na ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe:
– Por que tiraram da parede o retrato de Sua Majestade?
O contínuo respondeu num tom lentamente desdenhoso:
– Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana?
– Pedro Banana! – repetiu raivoso o velho Lima.
– Não dou três anos para que isso seja República!
(Arthur Azevedo. Seleção de contos, 2014)
A
discordar da legitimidade da recente República. Tanto
que, ao final da conversa com o comendador, este o incomodou,
fazendo-o sentir amedrontado com sua rispidez.
B
ignorar que a República tivesse sido proclamada.
Tanto que, ao final da conversa com o comendador, o
velho Lima limitou-se a ficar calado, pois pensava que ele
fizera uma piada.
C
ficar doente para não acompanhar a queda do Império. Tanto que, ao final da conversa com o comendador, a
intimidade existente entre eles foi abalada por um gracejo
incômodo.
D
ironizar as pessoas que condenaram o Império. Tanto
que, ao final da conversa com o comendador, a dificuldade
de compreendê-lo deixava ambos desconfortáveis.
E
agir contra todos para que não se consolidasse a República. Tanto que, ao final da conversa com o comendador,
a audácia deste fez com que ele se calasse ante a provocação.