O Simbolismo é, antes de tudo, antipositivista, antinaturalista e anticientificista. Com esse movimento, nota-se o despontar de uma poesia nova, que ressuscitava o culto do vago
em substituição ao culto da forma e do descritivo.
(Massaud Moisés. A literatura portuguesa, 1994. Adaptado.)
Considerando esta breve caracterização, assinale a alternativa em que se verifica o trecho de um poema simbolista.
“É um velho paredão, todo gretado,
Roto e negro, a que o tempo uma oferenda
Deixou num cacto em flor ensanguentado
E num pouco de musgo em cada fenda.”
“Erguido em negro mármor luzidio,
Portas fechadas, num mistério enorme,
Numa terra de reis, mudo e sombrio,
Sono de lendas um palácio dorme.”
“Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.”
“Sobre um trono de mármore sombrio,
Num templo escuro e ermo e abandonado,
Triste como o silêncio e inda mais frio,
Um ídolo de gesso está sentado.”
“Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...”
Gabarito comentado
Tema central: A questão aborda características do Simbolismo, movimento literário do final do século XIX, destacando seu antipositivismo e a ênfase na subjetividade, espiritualidade e linguagem sugestiva.
Explicação teórica essencial: O Simbolismo se opõe ao Realismo/Naturalismo e ao Parnasianismo, que priorizavam precisão descritiva e objetividade. O simbolista prefere o vago, o subjetivo, as imagens etéreas e plurissignificativas, criando atmosferas de mistério e musicalidade, recorrendo à sinestesia e ao emprego de símbolos para sugerir sentimentos e sensações.
Alternativa correta: E
“Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...”
Esse trecho, de Cruz e Sousa, demonstra:
- Subjetividade: trata de formas indefinidas e cheias de emoção;
- Imagens vagas/etéreas: uso de “luares”, “neblinas”, “formas vagas” indica o afastamento do mundo concreto;
- Sinestesia: mistura de impressões (“incensos”, imagens visuais e olfativas);
- Musicalidade e ritmo, próprios do Simbolismo.
Análise das alternativas incorretas:
A, B, C e D caracterizam o Parnasianismo:
- A) e B): Descrições detalhadas e objetivas de objetos (“paredão”, “palácio”), valorizando a forma exterior e o concreto.
- C): Atenção a detalhes visuais (“vaso”, “bordado”, “mármore luzidio”), típico do culto ao belo formal.
- D): Foco em elementos plásticos e descrição minuciosa (“ídolo de gesso”, “templo escuro”).
Dica estratégica: Para identificar o Simbolismo, busque linguagem vaga, sugestões sensoriais misturadas (sinestesia), ausência de descrição precisa e musicalidade nos versos. Evite confundir descrições plásticas e objetivas (Parnasianas) com a sugestão etérea do Simbolismo.
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