Questão 6d85662a-d9
Prova:FASM 2014
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

Não lhe parece bizarro, caro leitor, que a peça publicitária se valha de uma expressão alienígena, pouco compreensível para muita gente, e (bizarrice das bizarrices) imediatamente a apresente mais ou menos traduzida?

As expressões em destaque podem ser substituídas, corretamente e sem alteração do sentido do texto, por

Leia o texto para responder à questão.


“Optical Parking System”

    Está nas páginas das revistas especializadas em automóveis uma peça publicitária de um veículo produzido por uma das multinacionais com fábrica no Brasil: “Optical Parking System”. A maravilhosa engenhoca é um dos equipamentos do veículo.
    O caro leitor sabe o que vem a ser o bendito “Optical Parking System”? Bem, para ser justo, convém dizer que o próprio anúncio explica (quase em português): “Display do sensor de estacionamento”. Para quem não entendeu, explico: na tradução, foi empregada a palavra “display”, que talvez pudesse ser substituída por “mostrador”, “painel” ou sabe Deus o quê.
    Antes que alguém se empolgue e comece a pensar que este texto é um manifesto contra todo e qualquer estrangeirismo ou a favor de purismos linguísticos, vou logo dizendo: devagar com o andor, por favor.
    Nada de pensar que temos de trocar “futebol” por “ludopédio”, “bola-pé” etc. ou que temos de banir termos mais do que consagrados como “show”, “gol” ou “know-how”.
    O problema é outro. Mais precisamente, é a bizarrice de certos usos de estrangeirismos. Se um publicitário usa “target” no seu meio profissional, vá la. Qualquer publicitário sabe o que é isso, mas quem não é do ramo não tem nenhuma obrigação de saber o que é essa bobagem, sobretudo porque há na língua materna o termo “alvo”, que é absolutamente equivalente e infinitamente mais conhecido.
    Voltemos ao “Optical Parking System”. Não lhe parece bizarro, caro leitor, que a peça publicitária se valha de uma expressão alienígena, pouco compreensível para muita gente, e (bizarrice das bizarrices) imediatamente a apresente mais ou menos traduzida? Sob o ponto de vista da comunicação, não seria mais eficiente e racional apresentar a informação só em português mesmo?
    Aliás, por que será que as fábricas de automóveis instaladas no Brasil insistem em montar em seus produtos painéis com informações e respectivas abreviações em inglês? Será que nossa produção em larguíssima escala – somos ora o quarto, ora o quinto mercado do mundo – não justifica o custo de um painel tupiniquim?
    Que fique claro: isto nem de longe é um manifesto purista, xenófobo ou algo do gênero. O problema é outro; é o uso gratuito do estrangeirismo, o que quase sempre se dá por esnobismo ou tolice mesmo. Xô, complexo de vira-lata! É isso.
(Pasquale Cipro Neto. Folha de S.Paulo, 06.12.2012. Adaptado.)

A
exótico – traduza – incomum – conhecida.
B
esquisito – se utilize de – estrangeira – inteligível.
C
absurdo – se sirva de – rara – valorizada.
D
inaceitável – empregue – literária – acessível.
E
estranho – retome – fictícia – perceptível.

Gabarito comentado

T
Thiago Martins Monitor do Qconcursos

Tema central da questão: Interpretação de texto com enfoque em sinônimos e regência verbal. É exigida a análise da relação semântica entre palavras e estruturas, preservando o sentido do texto, segundo a norma-padrão e o uso correto da regência pronominal (“valer-se de” = verbo pronominal).

Justificativa da alternativa correta: B) esquisito – se utilize de – estrangeira – inteligível.

1. “Bizarro” equivale, em contexto, a “esquisito” (“Evanildo Bechara” destaca, nos estudos de semântica, a importância do contexto na equivalência de sentidos).
2. “Valha-se de” significa, pela regência verbal, “se utilize de”. É verbo pronominal e exige a preposição “de” (Cf. Celso Cunha & Lindley Cintra, “Nova Gramática do Português Contemporâneo”).
3. “Alienígena” assume sentido de “estrangeira” (de origem exterior ao idioma padrão do receptor).
4. “Compreensível” pode ser trocado por “inteligível”, expressando algo que se pode entender, como recomendam os dicionários e gramáticas normativas.

Análise das alternativas incorretas:

A) “Traduza” não equivale a “valha-se de”. “Conhecida” é oposta a “alienígena”, que remete a algo estrangeiro/desconhecido.
C) “Rara” e “valorizada” fogem ao sentido de “alienígena” e “compreensível”.
D) “Literária” não corresponde a “alienígena”. “Acessível” não enfatiza a compreensão do termo.
E) “Retome” não é sinônimo de “valha-se de” (não expressa a ideia de se utilizar). “Fictícia” (imaginária) e “perceptível” (apreensível pelos sentidos) não se encaixam semanticamente.

Destaque para sua preparação:
Atente para a regência verbal dos verbos pronominais (como “valer-se de”) e para sinônimos de acordo com o contexto. Sempre desconfie de alternativas que tragam sentidos apenas aparentes ou substituções literais mas fora de contexto.
No texto, percebe-se crítica ao uso gratuito e pouco funcional de estrangeirismos. A compreensão dessa crítica reforça a necessidade de boas escolhas lexicais na hora de substituir termos!

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