Leia o texto a seguir.
Tenha-se como certo e firme, pois afirmam-no autores sapientíssimos, que é justo e natural que homens
prudentes, íntegros e humanos dominem sobre os que não o são. [...] Sendo assim, [...] com perfeito direito
os espanhóis dominam sobre os bárbaros do Novo Mundo [...], os quais em prudência, engenho, toda virtude
e humanidade são superados pelos espanhóis como [...] macacos por homens.
(SEPÚLVEDA, J. G. As justas causas de guerra contra os índios. In: SUESS, P. (Coord.). A conquista espiritual da América Espanhola.
Petrópolis: Vozes, 1992. p. 531.)
Com base no texto, que foi escrito em 1547, e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar:
Leia o texto a seguir.
Tenha-se como certo e firme, pois afirmam-no autores sapientíssimos, que é justo e natural que homens prudentes, íntegros e humanos dominem sobre os que não o são. [...] Sendo assim, [...] com perfeito direito os espanhóis dominam sobre os bárbaros do Novo Mundo [...], os quais em prudência, engenho, toda virtude e humanidade são superados pelos espanhóis como [...] macacos por homens.
(SEPÚLVEDA, J. G. As justas causas de guerra contra os índios. In: SUESS, P. (Coord.). A conquista espiritual da América Espanhola. Petrópolis: Vozes, 1992. p. 531.)
Com base no texto, que foi escrito em 1547, e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar:
Gabarito comentado
Alternativa correta: E
Tema central: o texto de Sepúlveda (1547) representa o discurso europeu que justificava a conquista da América pela convicção de superioridade natural da cultura europeia. É preciso reconhecer esse argumento como parte do debate humanista-renascentista sobre guerra justa, direito natural e a "civilização" dos povos indígenas.
Resumo teórico (sintético): no século XVI houve duas posições opostas: a de Sepúlveda, que defendia a ilegitimidade cultural dos indígenas e a necessidade de domínio, e a de Bartolomé de las Casas, que defendia sua humanidade e direitos. Essa justificação combinava argumentos religiosos (cristianização), antropológicos (inferioridade cultural) e jurídicos (guerra justa). Fontes: Sepúlveda, J. G. (1547); Las Casas, B. de (1552); ver também Pagden, The Fall of Natural Man.
Por que a alternativa E está correta: ela descreve precisamente o tipo de argumento presente no texto: a ideia de superioridade européia manifestada em práticas culturais (roupas), religião monoteísta e família monogâmica como sinais de "civilização" — justificativas usadas para dominar e converter os povos.
Análise das alternativas incorretas:
A: contém juízos teleológicos e anacrônicos (valores capitalistas/“sucesso humano”) e apresenta a colonização como benéfica sem reconhecer violência e exploração — leitura ideológica, não condiz com o texto.
B: favorece uma defesa da liberdade indígena em tom moderno; embora próxima de Las Casas, não reflete o argumento de Sepúlveda presente no enunciado.
C: sugere uma dependência técnica europeia dos nativos e objetivo comercial moderno (industrialização) — anacronismo e inversão da relação apresentada no texto.
D: mistura legitimidade da escravização com benefícios econômicos modernos (industrialização, consumo de tropicais) — argumento anacrônico e normativo que não corresponde ao texto nem justifica legitimidade moral.
Dica de prova: identifique palavras-chave do enunciado (ex.: “superioridade”, “naturais”, “crença”, “modos de vida”) e procure anacronismos nas alternativas (referências a capitalismo industrial, prosperidade moderna etc.) — eles geralmente indicam alternativas incorretas.
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