Questão 6a3dc504-a5
Prova:UFU-MG 2018
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos

Se quer medir forças, sei que eu me garanto,

Sem conversa frouxa, sem me olhar de canto,

Fecha a boca, ouça, eu não tô brincando,

Sua estratégia é fraca, já vou chegar te derrubando.


CONKA, Karol. Karol Conka. Download digital, 2001.


Karol Conka é uma rapper brasileira reconhecida por canções que exaltam a mulher. No refrão de Me garanto, de sua autoria, a forma tô 

A
representa uma inadequação ao grau de formalidade exigido pela letra da canção, um gênero escrito que circula oralmente em contextos públicos.
B
caracteriza uma variedade linguística estigmatizada, já que, no Brasil, o rap está associado a comunidades socialmente marginalizadas.
C
desmistifica a dicotomia entre a fala e a escrita, visto que figura em um gênero que apresenta um meio de produção sonoro e uma concepção discursiva gráfica.
D
indicia a inclusão de uma variante típica da fala informal à norma padrão, visto que figura em um texto escrito formal.

Gabarito comentado

L
Luana CostaMonitor do Qconcursos

Tema central da questão: Variação linguística e relação entre fala e escrita em gêneros textuais populares, destacando a presença de elementos de oralidade na escrita de uma letra de rap.

A alternativa correta é a C. Vamos entender o porquê:

Justificativa:

No rap de Karol Conka, o uso de "tô" (redução coloquial de “estou”) evidencia o trânsito entre fala e escrita. Conforme estudiosos como Marcuschi (“Fala e escrita: uma visão não dicotômica”), a separação rígida entre fala (informalidade, espontaneidade) e escrita (formalidade, planejamento) não reflete a realidade dos múltiplos gêneros textuais: muitos, como letras de música, misturam recursos das duas. O rap, produto de cultura oral, circula em espaços públicos e na mídia, mas também é registrado por escrito, mantendo marcas orais como “tô”, que aproximam o texto do público por meio da identificação cultural e linguística.

Ou seja, a alternativa C acerta ao afirmar que a letra do rap desmistifica a dicotomia entre fala e escrita, utilizando-se tanto do meio sonoro (a canção) quanto do discursivo gráfico (a letra como texto escrito).

Análise das alternativas incorretas:

A) Incorreta. Letras de música popular NÃO exigem formalidade rígida: pelo contrário, a linguagem oral é proposital e adequada a esse gênero.

B) Incorreta. Associa estigma social ao uso linguístico. O rap valoriza e legitima a oralidade de comunidades marginalizadas, mas não cabe dizer que somente por isso o uso é um “estigma”. O foco da letra é expressivo, artístico e reivindicatório.

D) Incorreta. O texto da letra de rap não é formal e o uso de “tô” é típico da oralidade, não havendo inclusão desse uso na norma padrão.

Dica para provas: Ao analisar gêneros híbridos como letras de música ou textos publicitários, considere sempre o contexto e a função social do texto. Palavras coloquiais, gírias ou formas populares são adequadas se o gênero/texto busca proximidade com a fala e identidade cultural.

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