"Isso não significava que as crianças fossem até então desprezadas" (2° parágrafo)
Se esta frase for transposta para a voz ativa, a locução verbal sublinhada muda para:
Leia o texto de Teresinha Costa para responder à questão.
Em História social da criança e da família, Philippe Ariès faz um estudo na Europa, no período
compreendido entre a Idade Média e o século XX, para demonstrar como a definição de criança se
modificou no decorrer do tempo de acordo com parâmetros ideológicos. Pela análise de pinturas,
diários, esculturas e vitrais produzidos na Europa no período anterior aos ideais da Revolução Francesa,
Ariès forja a expressão "sentimento da infância" para designar "a consciência da particularidade infantil,
essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto". Esse sentimento vai aparecer a
partir apenas do século XVII.Na Idade Média, a criança era vista como um pequeno adulto, sem características que a
diferenciassem, e desconsiderada como alguém merecedor de cuidados especiais. Isso não significava
que as crianças fossem até então desprezadas ou negligenciadas, mas sim que não se tinha
consciência de uma série de particularidades intelectuais, comportamentais e emocionais que
passaram, então, a ser consideradas como inerentes ou até mesmo naturais às crianças. Ariès
comenta, inclusive, que os pintores ocidentais reproduziam crianças vestidas como pequenos adultos, e
que somente percebemos se tratar de uma criança devido ao seu tamanho reduzido. Nas sociedades
agrárias, a infância era um período rapidamente superado e, tão logo a criança adquiria alguma
independência, passava a participar da vida dos adultos e de seus trabalhos, jogos e festas.
(Psicanálise com crianças, 2010.)
Gabarito comentado
Tema central: A questão exige conhecimento sobre vozes verbais (ativa x passiva) e a conversão de tempos e modos verbais, focando na correta transposição do pretérito imperfeito do subjuntivo de “fossem desprezadas” (voz passiva) para voz ativa.
1. Regra fundamental:
Na voz passiva, o sujeito recebe a ação; na voz ativa, o sujeito pratica a ação. Para a conversão correta, é imprescindível manter o tempo e o modo — no caso, o pretérito imperfeito do subjuntivo.
Segundo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa), “a transposição de vozes deve preservar o valor temporal e modal expressos na construção original”.
Frase original:
“… as crianças fossem desprezadas...” (Voz passiva — pretérito imperfeito do subjuntivo)
Conversão: O sujeito “as crianças” passa a objeto direto, e quem pratica a ação (embora não expresso no texto) vai para o sujeito, utilizando o mesmo tempo/modo: “… desprezassem as crianças...” (voz ativa)
2. Justificativa da alternativa correta (E):
A alternativa E) desprezassem está corretamente no pretérito imperfeito do subjuntivo, modo essencial quando há verbos dependentes de oração subordinada, como “significava que...”. Mantém estrutura, tempo e sentido da frase original.
Comparação com as alternativas incorretas:
- A) desprezavam: Pretérito imperfeito do indicativo; altera o modo verbal e o sentido.
- B) eram desprezadas: Ainda na voz passiva, não houve transposição para ativa, além de ser indicativo.
- C) desprezam: Presente do indicativo; muda tanto o tempo quanto o modo.
- D) seriam desprezadas: Futuro do pretérito, ainda em voz passiva.
Pegadinha clássica: Muitos candidatos se confundem ao pensar que basta procurar o verbo “desprezar” — fundamental é observar o tempo e o modo (neste caso, subjuntivo).
Estratégia de prova: Sempre ao solicitar mudança de voz, identifique modo/tempo verbal e mantenha-os na resposta. Dica valiosa das gramáticas tradicionais (Celso Cunha & Lindley Cintra)!
Alternativa correta: E) desprezassem
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