No verso "Não basta abrir a janela", a oração sublinhada funciona como sujeito do verbo "basta".
Um sujeito oracional ocorre também no verso:
Leia o poema de Alberto Caeiro para responder à questão.
Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave1
.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
(Obra poética, 1992.)
1cave: pavimento de uma construção que fica abaixo do nível do solo.
Gabarito comentado
Tema central: A questão aborda sintaxe da oração, especificamente o conceito de sujeito oracional, tema recorrente em concursos para vestibulares e carreiras públicas. Entender o funcionamento do sujeito oracional é fundamental para identificar sua presença em trechos textuais e resolver questões que pedem a análise sintática das orações.
O que é sujeito oracional?
Segundo Bechara e Cunha & Cintra, o sujeito oracional ocorre quando o sujeito de uma oração principal é outra oração subordinada de valor substantivo (costuma ser infinitiva ou gerundiva). O verbo principal permanece na terceira pessoa do singular, pois concorda com a oração inteira, e não com um termo simples.
Exemplo prático:
Na frase do poema: “Não basta abrir a janela”, “abrir a janela” é a ação considerada suficiente (ou não) e funciona como sujeito do verbo “basta”. Assim, “abrir a janela” é um sujeito oracional.
Justificativa da alternativa correta (A):
“É preciso também não ter filosofia nenhuma.”
Aqui, “não ter filosofia nenhuma” é oração subordinada substantiva subjetiva e desempenha papel de sujeito do verbo “é”. Note que “é preciso” permanece na terceira pessoa do singular porque seu sujeito é toda a oração “não ter filosofia nenhuma”, identificando, assim, um sujeito oracional. É exatamente a mesma estrutura sintática do exemplo citado no poema, por isso é a resposta correta.
Análise das alternativas incorretas:
- B: “Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.”
O sujeito de “há” é inexistente (verbo impessoal). Não há sujeito oracional. - C: “Há só uma janela fechada...”
Assim como na alternativa B, “há” é impessoal; os termos “uma janela”, “todo o mundo” são complementos e não há sujeito oracional. - D: “E um sonho do que se poderia ver...”
O sujeito é “um sonho”, núcleo simples, e não uma oração. Não há sujeito oracional. - E: “Que nunca é o que se vê...”
Aqui, “que” é pronome relativo; a oração tem sujeito determinado simples (“o que se vê”). Não há sujeito oracional.
Estratégia para provas: Foque sempre nos verbos na terceira pessoa do singular e procure avaliar se todo o sujeito é formado por uma ideia completa (oração), geralmente iniciada por verbo no infinitivo.
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