TEXTO II
Modinha do empregado de banco
Eu sou triste como um prático de farmácia,
Sou quase tão triste como um homem que usa costeletas.
Passo o dia inteiro pensando nuns carinhos de mulher
Mas só ouço o tectec das máquinas de escrever.
Lá fora chove e a estátua de Floriano fica linda.
Quantas meninas pela vida afora!
E eu alinhando no papel as fortunas dos outros.
Se eu tivesse estes contos punha a andar
A roda da imaginação nos caminhos do mundo.
E os fregueses do Banco
Que não fazem nada com estes contos!
Chocam outros contos para não fazerem nada com eles
Também se o Diretor tivesse a minha imaginação
O Banco já não existiria mais
E eu estaria noutro lugar.
Murilo Mendes
Leia o poema de Murilo Mendes e assinale a alternativa incorreta.
Modinha do empregado de banco
Eu sou triste como um prático de farmácia,
Sou quase tão triste como um homem que usa costeletas.
Passo o dia inteiro pensando nuns carinhos de mulher
Mas só ouço o tectec das máquinas de escrever.
Lá fora chove e a estátua de Floriano fica linda.
Quantas meninas pela vida afora!
E eu alinhando no papel as fortunas dos outros.
Se eu tivesse estes contos punha a andar
A roda da imaginação nos caminhos do mundo.
E os fregueses do Banco
Que não fazem nada com estes contos!
Chocam outros contos para não fazerem nada com eles
Também se o Diretor tivesse a minha imaginação
O Banco já não existiria mais
E eu estaria noutro lugar.
Murilo Mendes
Leia o poema de Murilo Mendes e assinale a alternativa incorreta.
Gabarito comentado
Gabarito comentado:
Tema central da questão: Interpretação de texto poético, com análise do sentido global, identificação de críticas sociais, figuras de linguagem, além de compreensão de emoções e intenções do eu-lírico.
Justificativa da alternativa incorreta – D:
A alternativa D diz que "Os ruídos do ambiente e a atenção dedicada ao trabalho impedem o poeta de pensar em coisas prazerosas", tornando-o ainda mais triste. No entanto, o poema mostra o oposto: o eu-lírico afirma claramente que pensa nos “carinhos de mulher” durante todo o dia. O “tectec das máquinas de escrever” existe, mas não impede que ele se distraia com pensamentos mais amenos. Assim, a alternativa D distorce o sentido do texto, pois cria uma restrição à imaginação do personagem que não está presente no poema.
Análise das demais alternativas:
A) Correta – O poema é permeado por deboche e humor sutil, como nas comparações (“triste como um prático de farmácia”, “homem que usa costeletas”), funcionando como leve ironia diante da monotonia do trabalho.
B) Correta – A rotina burocrática torna o eu-lírico entristecido e insatisfeito, fato evidenciado por versos como “sou triste como um prático de farmácia”.
C) Correta – Existe crítica ao acúmulo de capital: “E eu alinhando no papel as fortunas dos outros.”, além do deboche sobre quem apenas “choca outros contos para não fazerem nada com eles”. É uma crítica sutil, conforme apontado por autores como Evanildo Bechara.
E) Correta – O poema traz insatisfação existencial em relação ao trabalho, apontando para frustrações profundas (“eu estaria noutro lugar.”).
Resumo da Estratégia de Resolução:
Leia com atenção as ações e sentimentos explícitos do eu-lírico. Busque por frases que, de modo direto ou metafórico, expressem o verdadeiro sentido emocional do poema. Tenha atenção a pegadinhas, como interpretações generalizadas, extrapolações do texto, ou distorções do que realmente foi dito pelo autor. Essa estratégia evita erros comuns em questões de interpretação.
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