Questão 60912a93-49
Prova:ENEM 2023
Disciplina:Artes Visuais
Assunto:História, Estética e Crítica das Artes Visuais
Conseguindo, porém, escapar à vigilância dos
interessados, e depois de curtir uma noite, a mais escura
de sua vida, numa espécie de jaula com grades de ferro,
Amaro, que só temia regressar à “fazenda”, voltar ao seio
da escravidão, estremeceu diante de um rio muito largo
e muito calmo, onde havia barcos vogando em todos
os sentidos, à vela, outros deitando fumaça, e lá cima,
beirando a água, um morro alto, em ponta, varando as
nuvens, como ele nunca tinha visto...
[...] todo o conjunto da paisagem comunicava-lhe uma
sensação tão forte de liberdade e vida, que até lhe vinha
vontade de chorar, mas chorar francamente, abertamente,
na presença dos outros, como se estivesse enlouquecendo...
Aquele magnífico cenário gravara-se-lhe na retina para
toda a existência; nunca mais o havia de esquecer, oh!
Nunca mais! Ele, o escravo, “o negro fugido”, sentia-se
verdadeiramente homem, igual aos outros homens, feliz de
o ser, grande como a natureza, em toda a pujança viril da
sua mocidade, e tinha pena, muita pena dos que ficavam
na “fazenda” trabalhando, sem ganhar dinheiro, desde a
madrugadinha té... sabe Deus!
CAMINHA, A. Bom Crioulo. São Paulo: Martin Claret, 2008.
A situação descrita no fragmento aproxima-o dos
padrões estéticos do Naturalismo em função da
Conseguindo, porém, escapar à vigilância dos
interessados, e depois de curtir uma noite, a mais escura
de sua vida, numa espécie de jaula com grades de ferro,
Amaro, que só temia regressar à “fazenda”, voltar ao seio
da escravidão, estremeceu diante de um rio muito largo
e muito calmo, onde havia barcos vogando em todos
os sentidos, à vela, outros deitando fumaça, e lá cima,
beirando a água, um morro alto, em ponta, varando as
nuvens, como ele nunca tinha visto...
[...] todo o conjunto da paisagem comunicava-lhe uma
sensação tão forte de liberdade e vida, que até lhe vinha
vontade de chorar, mas chorar francamente, abertamente,
na presença dos outros, como se estivesse enlouquecendo...
Aquele magnífico cenário gravara-se-lhe na retina para
toda a existência; nunca mais o havia de esquecer, oh!
Nunca mais! Ele, o escravo, “o negro fugido”, sentia-se
verdadeiramente homem, igual aos outros homens, feliz de
o ser, grande como a natureza, em toda a pujança viril da
sua mocidade, e tinha pena, muita pena dos que ficavam
na “fazenda” trabalhando, sem ganhar dinheiro, desde a
madrugadinha té... sabe Deus!
CAMINHA, A. Bom Crioulo. São Paulo: Martin Claret, 2008.
A situação descrita no fragmento aproxima-o dos
padrões estéticos do Naturalismo em função da
A
fragilidade emocional atribuída ao indivíduo
oprimido.
B
influência da paisagem sobre a capacidade de
resiliência.
C
impossibilidade de superação dos traumas da
escravidão.
D
correlação de causalidade entre força física e origem
étnica.
E
condição moral do indivíduo vinculada aos papéis de
gênero.