A introdução de esteiras rolantes no processo de
produção facilitou a comunicação entre os
trabalhadores. Eles passaram, então, a participar dos
processos produtivos.
“O operário pode ser simplesmente aquele que produz
qualquer obra, um indivíduo que trabalha sob as ordens
de outros e, mediante um salário, exerce um trabalho, que
pode ser manual ou mecânico. Se esse conceito for ainda
mais esmiuçado, pode-se encontrar ‘um indivíduo
empreendedor, que se dedica à realização de idéias,
projetos, promove campanhas, participa de missões e
contribui para o bem-estar social’. Há cerca de vinte
anos, esta poderia ser uma concepção visionária, presente
nos dicionários, do trabalhador das indústrias, mas, hoje,
um novo profissional se destaca, mostrando a nova face
do operariado.” (ABREU, Cathia. Novos Operários.
Revista de Sociologia, Ano I, número 08, p. 58).
Considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre
as transformações recentes no mundo do trabalho,
assinale o que for correto.
Considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre as transformações recentes no mundo do trabalho, assinale o que for correto.
Gabarito comentado
Resposta: E — Errado
Tema central: organização do trabalho e efeitos da introdução da esteira rolante (linha de montagem) sobre a experiência dos operários.
Resumo teórico e contexto: A introdução da esteira rolante no início do século XX (ex.: linha de montagem da Ford, 1913) aparece junto às práticas do taylorismo/fordismo — que visavam aumentar produtividade por meio da divisão do trabalho, padronização e ritmos controlados. Autores clássicos sobre esse processo: F.W. Taylor (The Principles of Scientific Management, 1911) e Harry Braverman (Labor and Monopoly Capital, 1974), que destacam o processo de fragmentação e deskilling (desqualificação) do trabalho.
Por que a assertiva é errada?
Embora a esteira aproxime fisicamente estações de trabalho, sua função principal é impor um ritmo contínuo, padronizar tarefas e reduzir a autonomia do trabalhador. Na prática, isso:
- fragmenta o processo produtivo em tarefas simples e repetitivas (deskilling);
- centraliza controle e supervisão sobre o ritmo e a sequência, reduzindo decisões dos operários;
- limita o tempo e a oportunidade de diálogo — o foco do trabalhador passa a ser acompanhar o ritmo da linha.
Portanto, a esteira rolante não “facilitou a comunicação entre os trabalhadores”; ao contrário, muitas vezes inibiu interações significativas e aumentou a supervisão e a alienação do trabalho.
Observação importante (nuance): em modelos produtivos posteriores (ex.: produção enxuta/TPS — Toyota), a ênfase em equipes e melhoria contínua traz mecanismos que estimulam comunicação e colaboração. Mas isso resulta de mudanças de organização e cultura, não do simples fato técnico da esteira.
Estratégia para questões semelhantes: ao ver afirmações sobre efeitos de tecnologias no trabalho, vincule-as ao referente histórico/teórico (taylorismo, fordismo, toyotismo). Identifique palavras-chave como “facilitou” ou “aumentou autonomia” — elas exigem ligação com a organização do trabalho, não apenas com a presença da máquina.
Referências úteis: F.W. Taylor (1911); H. Braverman (1974); estudos sobre Fordismo e Toyota Production System (Ohno).
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