Questão 52e27211-d6
Prova:
Disciplina:
Assunto:
I. O conto retrata a perversa fascinação diante da
morte de um passante.
II. Dario, ao longo do texto, é privado não só de
seus bens materiais, como também de seu nome
próprio, sendo referido, ao final, apenas como um
morto.
III. O personagem, embora enfrente o completo
desamparo, recebe uma espécie de cumplicidade
e apiedamento de um habitante urbano em
situação de fragilidade social.
A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são
I. O conto retrata a perversa fascinação diante da
morte de um passante.
II. Dario, ao longo do texto, é privado não só de
seus bens materiais, como também de seu nome
próprio, sendo referido, ao final, apenas como um
morto.
III. O personagem, embora enfrente o completo
desamparo, recebe uma espécie de cumplicidade
e apiedamento de um habitante urbano em
situação de fragilidade social.
A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são
Leia os excertos do conto Uma vela para Dario, de Dalton Trevisan, e analise as afirmativas sobre o texto.
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo
até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de
chuva, e descansou na pedra o cachimbo. (...)
Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode
pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta.
Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca. Cada pessoa
que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam
de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que
Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede.
Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
(....)
A última boca repetiu – Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas
para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não
pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão
se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os
cotovelos. Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há
muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva. Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas
depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó e o dedo sem a aliança. A
vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
Leia os excertos do conto Uma vela para Dario, de Dalton Trevisan, e analise as afirmativas sobre o texto.
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo
até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de
chuva, e descansou na pedra o cachimbo. (...)
Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode
pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta.
Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca. Cada pessoa
que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam
de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que
Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede.
Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
(....)
A última boca repetiu – Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas
para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não
pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão
se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os
cotovelos. Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há
muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva. Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas
depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó e o dedo sem a aliança. A
vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
A
I, apenas.
B
II, apenas.
C
I e II, apenas.
D
I e III, apenas.
E
I, II e III.