Os momentos históricos em que se desenvolvem os enredos de Viagens na minha terra, Memórias de um sargento de milícias e Memórias póstumas de Brás Cubas (quanto a este último, em particular no que se refere à primeira juventude do narrador) são, todos, determinados de modo decisivo por um antecedente histórico comum – menos ou mais imediato, conforme o caso. Trata-se da
Gabarito comentado
Resposta correta: A — invasão de Portugal pelas tropas napoleônicas
Tema central. A questão pede identificação do antecedente histórico que une os cenários de três romances do século XIX. É preciso relacionar referências históricas presentes nos textos (presença da corte, mudanças sociais, datas e eventos mencionados) ao contexto real: as invasões napoleônicas e suas consequências.
Resumo teórico. Em 1807–08, a invasão de Portugal por Napoleão forçou a transferência da família real para o Brasil (D. João VI), abrindo portos e transformando política, economia e hierarquias sociais tanto em Portugal quanto no Brasil. Essas mudanças criam o pano de fundo comum que aparece, direta ou indiretamente, em obras como Viagens na minha terra (Almeida Garrett), Memórias de um sargento de milícias (Manuel Antônio de Almeida) e Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis). Fontes úteis: Enciclopédia Britannica; Boris Fausto, História do Brasil.
Por que a alternativa A é correta. A invasão napoleônica e a vinda da corte (1808) provocaram transformações imediatas — presença da família real no Rio, circulação de pessoas e ideias, reorganização administrativa — que determinam o contexto social e cronológico desses enredos. Em Viagens na minha terra, há referência à instabilidade portuguesa; em Memórias de um sargento, a cidade do Rio e seus tipos sociais resultam do novo quadro criado pela corte; em Brás Cubas, a primeira juventude do narrador se passa num Brasil ainda marcado pelas consequências dessa transferência.
Análise das alternativas incorretas.
B — revoltas regenciais: as turbulências da Regência (Brasil, 1831–1840) são posteriores e locais específicos das novelas não têm como ponto comum essa fase regencial; não explicam o deslocamento da corte e as mudanças iniciais.
C — volta de D. Pedro I a Portugal: D. Pedro I retorna a Portugal em 1831 para lutar por questões dinásticas, mas esse evento é particular e não o fator estrutural que une os três textos.
D — proclamação da independência (1822): embora importante, é consequência direta do quadro iniciado com a transferência da corte; trata-se de um marco posterior, não do antecedente imediato comum apontado pela questão.
E — antecipação da maioridade de D. Pedro II: medida política de 1840 vinculada à estabilidade imperial; é um evento pontual e tardio, sem papel unificador nos contextos iniciais das obras mencionadas.
Dica de interpretação: busque em cada texto marcas históricas (presença da corte, abertura de portos, referências a figuras públicas e datas). Quando a questão pede um “antecedente comum”, pense em eventos estruturantes que expliquem mudanças profundas e simultâneas nos espaços narrativos.
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