Para responder à questão, analise as afirmativas sobre os sentidos e os aspectos linguísticos e discursivos do texto 1.
I. A expressão “mais intenso” (linhas 11 e 12) está para “frenética” (linha 37), assim como “tirar um tempinho” (linha 36) está para “parada” (linha 39).
II. As duas ocorrências de “já” (linhas 12 e 15) estabelecem uma relação de causa e efeito entre a “prática do fazer nada” e a preocupação com o bem-estar das pessoas.
III. As palavras entre aspas (linhas 08 e 16) marcam a posição irônica do autor em relação ao discurso dos entrevistados.
Está/Estão correta(s) a(s) afirmativa(s)
A prática de fazer nada
01 Há 10 anos, Marcelo Bohrer, 40 anos, criou um movimento
02 que, atualmente, é considerado absolutamente
03 inovador: o nadismo.
04 Em parques de Porto Alegre, convidava pessoas a
05 se juntar a ele para fazer absolutamente nada por um
06 período de cerca de uma hora. A proposta era trazer um
07 colchão e apreciar a vista, pensar, deixar o pensamento
08 livre, sem nenhuma técnica ou regra. É “freestyle”, como
09 ele define.
10 – Há um tempo, as pessoas achavam estranho,
11 não levavam a sério. Mas o dia a dia está sempre mais
12 intenso. As empresas já têm programas de prevenção
13 de estresse e estão vendo como a pausa é importante
14 para a saúde – diz.
15 No Brasil, há opções de turismo que já consideram o
16 valor dessa “parada”. Em São Paulo, na cidade de Serra
17 Negra, a pousada Shangri La reserva um espaço que se
18 destina aos que querem praticar o nadismo por alguns
19 dias. Zero agitação por lá. O local é perfeito para olhar
20 as montanhas e tem uma vista espetacular.
21 Sirlene Terenciani, 51 anos, é proprietária do lugar
22 há 19 anos e diz que o público que busca o ambiente
23 é composto principalmente por médicos, advogados e
24 profissionais que têm uma rotina corrida. A preocupação
25 com o bem-estar mental e emocional leva os clientes
26 até a pousada.
27 – Aqui a pessoa se dá o direito de fazer nada,
28 contemplar a montanha. O foco é descansar, praticar
29 nadismo mesmo. É isso que elas querem, tanto que me
30 dizem: não tire o nadismo daqui – relata, bem-humorada.
31 Depois de cumprir a agenda da manhã e da tarde, o
32 advogado Tarcisio Carneiro, 42 anos, coloca o celular no
33 silencioso, ignora ligações e e-mails e se acomoda em
34 um canto do escritório no bairro Petrópolis, na Capital.
35 Há cerca de 10 anos, ele leu sobre o nadismo e os
36 benefícios de tirar um tempinho para descansar a mente
37 durante a rotina frenética do dia a dia. Quando ouviu
38 falar, não deu muita atenção. Mas, em 2010, passou a
39 priorizar essa parada na rotina.
40 – É isso que mantém minha sanidade. Fico literalmente
41 contemplando a vista lá fora, o que está passando
42 pela rua, e deixo minha mente vagar, sem pensar em
43 nada próximo da minha realidade. É meu momento relax
44 que ajudou na minha ansiedade, insônia e que recarrega
45 as minhas energias – explica.
Adaptado de: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/. Acesso em 02 abr. 2016
01 Há 10 anos, Marcelo Bohrer, 40 anos, criou um movimento
Gabarito comentado
GABARITO COMENTADO – LETRA A
Tema central: Interpretação de texto e análise semântica (sinônimos, sentido contextual de expressões) e aspectos de uso das aspas de acordo com a norma-padrão.
Comentário detalhado:
Afirmativa I – CORRETA.
A expressão “mais intenso” está em relação de sinonímia com “frenética”: ambas indicam uma rotina acelerada, reforçando ideia de cansaço ou excesso de atividade. Da mesma forma, “tirar um tempinho” e “parada” referem-se a um intervalo para relaxar. Ou seja, há equivalência de sentido, como exige o item. Essa relação faz parte da análise semântica por sinonímia (Bechara, Moderna Gramática Portuguesa).
Afirmativa II – INCORRETA.
O advérbio “já” nas linhas citadas indica momento atual ou ideia de atualidade: “As empresas já têm programas de prevenção ao estresse...” e “há opções de turismo que já consideram o valor dessa ‘parada’.” Não há relação de causa e efeito, apenas simultaneidade/atualização de fatos. Portanto, está em desconformidade com a norma de coesão semântica (Cunha & Cintra, Nova Gramática).
Afirmativa III – INCORRETA.
As aspas nas linhas citadas servem para destacar termos estrangeiros (“freestyle”) ou expressões coloquiais/neologismos (“parada”), não para indicar ironia. Segundo a norma (Rocha Lima, Gramática Normativa), aspas também enfatizam termos novos no vocabulário do texto.
Estratégia para concursos: Atenção à função contextual das palavras, principalmente expressões entre aspas e o valor semântico de advérbios. Muitos erram porque associam as aspas automaticamente à ironia — mas o que vale é o uso contextual e as recomendações normativas!
Assim, somente a afirmativa I está correta.
Gabarito: A) I, apenas.
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