Questão 4f91d1fb-e5

Prova:FMP 2014

Disciplina:História

Assunto:Colonialismo espanhol: Ocupação e exploração do território americano, História da América Latina

Até o início do século XIX, a monarquia espanhola mantinha domínio colonial sobre vasta área do continente americano. A região estava dividida administrativamente em quatro grandes vice-reinos: Nova Espanha, Peru, Nova Granada e Prata, e quatro capitanias: Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile.

As afirmações sobre o processo de independência das colônias espanholas na América são verdadeiras, com exceção da alternativa:

As lutas pela independência dessas regiões coloniais desenvolveram-se durante as três primeiras décadas do século XIX e o processo emancipatório foi um movimento único, pois as características ligadas à história de cada região eram comuns.

Entre os elementos que contribuíram para que essas colônias buscassem a independência está o pensamento liberal do Iluminismo, que se difundiu entre setores da elite colonial hispano-americana e que já havia influenciado a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa.

Os ideais antiabsolutistas, defendidos pelo liberalismo, serviram de justificativa filosófica para a luta contra o domínio colonial espanhol, uma vez que, na América Espanhola, o antiabsolutismo europeu traduziu-se em anticolonialismo.

As lutas pela independência foram impulsionadas pela consciência das elites coloniais (criollos) de que os laços com o governo espanhol dificultava seu domínio mais pleno sobre as áreas da América em que estavam estabelecidas.

A invasão francesa à Espanha, em 1808, quando o trono espanhol foi ocupado por José Bonaparte, irmão de Napoleão, desencadeou o processo de independência, pois as autoridades espanholas concentraram esforços na luta contra os franceses, o que gerou o enfraquecimento do controle administrativo sobre as colônias.

Gabarito comentado

Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: Independência das colônias espanholas na América (início do séc. XIX). É fundamental entender causas políticas (Peninsular War, crise de legitimidade), intelectuais (Iluminismo, exemplos americano e francês) e socioculturais (composição das elites, povos indígenas, escravos).

Por que A é a exceção (incorreta)? A afirma que o processo emancipatório foi "um movimento único" com características comuns. Isso simplifica exageradamente a realidade. As independências foram heterogêneas: calendários distintos (Haiti 1804; México 1810–21; Bolívar: 1810–24/25; Argentina e Chile com cronologias próprias), diferentes lideranças (criollos, militares, caudilhos, massas populares), variadas motivações (econômicas, regionais, sociais) e resultados políticos diversos. Portanto, não se pode tratá-las como um único movimento homogêneo (ver John Lynch; Tulio Halperín Donghi).

Análise das demais alternativas (porque são verdadeiras):

B – Verdadeira. O Iluminismo difundiu ideias liberais entre setores da elite criolla e já havia influenciado as independências anglo-americana e francesa, servindo de referência intelectual para projetar novas formas de governo.

C – Verdadeira (com nuance). O antiabsolutismo europeu forneceu a base filosófica contra o poder centralizado; na América espanhola essa crítica ao absolutismo foi usada como argumento contra o domínio metropolitano, impulsionando demandas por autonomia e soberania local.

D – Verdadeira. As elites criollas ressentiam-se das barreiras legais e comerciais impostas pela metrópole, o que limitava seu domínio econômico e político nas colônias; isso gerou um interesse em separar-se e controlar diretamente os espaços locais.

E – Verdadeira. A invasão napoleônica (1808) fragilizou a autoridade espanhola — com o rei deposto e a criação de juntas — e criou um vácuo de poder que facilitou processos emancipatórios nas Américas.

Dica de prova: Desconfie de alternativas que usem termos absolutos ("único", "todos", "sempre"). Busque palavras-chave históricas (Peninsular War, criollos, Iluminismo) e conecte causa → efeito. Em caso de dúvida, recorde a diversidade cronológica e social do processo.

Fontes recomendadas: John Lynch, The Spanish American Revolutions; Tulio Halperín Donghi, Contemporary Latin American History; verbetes em Encyclopaedia Britannica.

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