A partir da leitura do soneto Vaso grego, assinale a opção correta a respeito do tratamento estético conferido aos mitos antigos pela poética parnasiana.
Vaso grego
Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.
Alberto de Oliveira. Poesias completas. In: Crítica. Marco Aurélio de Mello Reis. Rio de Janeiro: EDUERJ, 197, p.144.
Acerca do soneto Vaso grego, de Alberto de Oliveira, e do período histórico-literário a que ele remete, julgue os itens de 117 a 119 e assinale a opção correta no item 120, que é do tipo C.
Vaso grego
Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.
Alberto de Oliveira. Poesias completas. In: Crítica. Marco Aurélio de Mello Reis. Rio de Janeiro: EDUERJ, 197, p.144.
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa D
Tema central: identifica-se a estética parnasiana no tratamento dos mitos — sobretudo a adesão ao princípio “arte pela arte”, que valoriza forma, técnica e erudição acima de função social ou sentimental.
Resumo teórico (claro e progressivo): O Parnasianismo (final do séc. XIX no Brasil) privilegia a perfeição formal, a impessoalidade e temas eruditos: cenário clássico, objetos artísticos e mitologia grega aparecem como assuntos para exibir medida, rigor e beleza. Autores-chave: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Raimundo Correia. Fontes de referência: estudos de literatura brasileira e verbetes em enciclopédias literárias.
Justificativa da alternativa D: No soneto, a presença de imagens da arte e mitologia gregas (o vaso, Anacreonte, o poeta de Teos) funciona como evocação estética, sem projetar crítica social nem atualização mítica. Essa atitude corresponde exatamente à máxima parnasiana da arte pela arte: o mito é tratado como objeto belo e elaborado, fim em si mesmo, para exibir técnica e sonoridade.
Análise das alternativas incorretas:
- A (errada): afirma que o mito atraía o leitor comum — pelo contrário, o parnasianismo tende ao erudito e ao distanciamento; a linguagem e a temática apela ao leitor culto, não ao “comum”.
- B (errada): diz que os mitos são atualizados para romper com a tradição — o parnasiano não busca ruptura historicista, mas reconstituição formal e reverência à tradição clássica.
- C (errada): alega aproximação do mito aos problemas sociais brasileiros — isso é característica do Realismo/Naturalismo ou do Modernismo social, não do Parnasianismo, que evita comprometimento social.
Estratégia de prova: ao ler alternativas, busque palavras‑chave: “arte pela arte”, “erudição”, “impessoalidade” sugerem Parnasianismo; termos como “ruptura” ou “atenção social” apontam para outras escolas. Relacione elementos do texto (referências clássicas, ênfase na forma) ao movimento correspondente.
Fontes sugeridas: enciclopédias literárias e manuais de História da Literatura Brasileira; estudos sobre Parnasianismo e obras de Olavo Bilac e Alberto de Oliveira.
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