[...] se o interesse da Coroa estava centralizado na atividade minerária, ela não poderia negligenciar
outras atividades que garantissem sua manutenção e continuidade. É nesse contexto que a
agricultura deve ser vista integrando os mecanismos necessários ao processo de colonização
desenvolvidos na própria Colônia, uma vez que, voltada para o consumo interno, era um meio de
garantir a reprodução da estrutura social, além de permitir a redução dos custos com a manutenção
da força de trabalho escrava.
Guimarães, C. M. e REIS, F. M. da M. “Agricultura e mineração no século XVIII”,
in Resende, m.e.l. e VILLALTA, L.C. (orgs.) História de Minas Gerais. As minas setecentistas.Belo Horizonte: Autêntica Editora/Companhia do Tempo, 2007, p. 323.
Assinale a alternativa que interpreta corretamente o texto.
Gabarito comentado
Alternativa correta: E
Tema central: integração entre agricultura, pecuária e mineração no século XVIII (principalmente em Minas Gerais). A pergunta exige reconhecer que a produção agrícola e a criação de gado não eram atividades isoladas, mas serviam para sustentar a economia mineradora e a urbanização local, garantindo alimentação, reprodução da força de trabalho e redução de custos.
Resumo teórico: A economia das minas tinha a mineração como foco principal da Coroa, mas dependia de um conjunto de atividades locais. A agricultura de subsistência e a pecuária abasteciam vilas e cidades, sustentavam escravos e trabalhadores livres, e favoreciam a fixação da população urbana. Assim, havia uma relação complementar: a mineração gerava demanda por alimentos e serviços; a agricultura e a pecuária supriam essa demanda e integravam-se ao processo de urbanização. (ver: Guimarães & Reis; Fausto, História do Brasil)
Justificativa da alternativa E: A alternativa E afirma que agricultura e pecuária se desenvolveram integradas ao processo de mineração e urbanização — exatamente o ponto do texto: atividades voltadas ao consumo interno garantiam a manutenção social e a economia regional. Logo, E sintetiza corretamente a função dessas atividades no contexto minerador.
Por que as outras alternativas estão erradas:
A — Errada. Afirma que foi decisiva a permissão metropolitana para desenvolvimento técnico e industrial. Na prática, a metrópole restringia industrialização colonial; o crescimento regional esteve ligado à mineração e à economia local, não a uma política permissiva de industrialização.
B — Errada. Diz que os caminhos entre as minas e Salvador foram decisivos para vilas e entrada de escravos. Historicamente, o principal escoamento do ouro e entrada de escravos ocorria via portos do Sudeste (especialmente Rio de Janeiro); vincular especificamente a Salvador é impreciso e desloca o foco do texto (consumo interno e integração local).
C — Errada. Afirma que a agricultura da região das minas tornou‑se item principal de exportação. Contrário ao texto: a agricultura era voltada ao mercado interno, não à pauta de exportação colonial, que continuava centrada em produtos tropicais exportáveis.
D — Errada. Sustenta que, apesar do crescimento, o mercado interno não se desenvolveu. O texto indica o oposto: houve desenvolvimento de um mercado interno regional importante para sustentar a mineração e reduzir custos sociais e econômicos.
Dica de interpretação: procure expressões-chave no enunciado — "consumo interno", "reprodução da estrutura social", "redução dos custos com manutenção da força de trabalho" — elas indicam função de suporte, não de exportação nem de industrialização. Evite alternativas que generalizam ou deslocam o foco geográfico sem base no texto.
Fontes / leitura recomendada: Guimarães & Reis (cap. citado) e Boris Fausto, História do Brasil (cap. economia colonial).
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