Questão 4eb0f7c2-fd
Prova:FGV 2015
Disciplina:História
Assunto:Colonialismo espanhol: Ocupação e exploração do território americano

Em 1497 o rei dom Manuel, não querendo perder uma valiosa parcela da população, [...] impôs o batismo obrigatório a praticamente todos os judeus, restringindo-lhes os meios de sair do país, escravizando os que continuaram judeus e apreendendo os filhos dos não convertidos.

SCHWARTZ, S. B. Cada um na sua lei. Tolerância religiosa e salvação no mundo atlântico ibérico. São Paulo: Edusc/Cia. das Letras, 2009, p. 155.



Entre os desdobramentos da política do reino português com relação aos judeus, podemos citar:

A
A presença de cristãos-novos pode ser observada apenas em Portugal.
B
Os cristãos-novos obtiveram os mesmos direitos que os cristãos-velhos portugueses.
C
A Inquisição portuguesa direcionou-se mais aos delitos sexuais que à perseguição aos judeus.
D
O Brasil tornou-se possibilidade de refúgio aos judeus portugueses devido à vigilância crescente na metrópole.
E
Devido à ação rigorosa da Inquisição, a questão judaica foi rapidamente solucionada em Portugal.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: D

Tema central: a política portuguesa em relação aos judeus no século XVI — especialmente as conversões forçadas de 1497, o surgimento dos cristãos‑novos (conversos) e a ação posterior da Inquisição. É preciso entender como essas medidas afetaram deslocamentos demográficos e criaram rotas de fuga, incluindo a Colônia do Brasil.

Resumo teórico e fontes: Em 1497, D. Manuel I impôs o batismo forçado a muitos judeus portugueses; muitos tornaram‑se cristãos‑novos. A Inquisição portuguesa (instalada oficialmente em 1536) perseguiu práticas de judaísmo secreto (judaísmo cripto) e outros delitos considerados heréticos, mantendo vigilância sobre conversos tanto na metrópole quanto nas colônias. (Ver: Schwartz, Cada um na sua lei; Saraiva & Óscar Lopes, A Inquisição Portuguesa.)

Por que D é correta: A alternativa D afirma que o Brasil tornou‑se possibilidade de refúgio para judeus portugueses devido à vigilância crescente na metrópole. Isso é historicamente consistente: diante da pressão, controle e censura em Portugal, muitos cristãos‑novos procuraram as colônias — inclusive o Brasil — buscando menor vigilância, oportunidades econômicas e relativa anonimidade. A migração colonial funcionou como uma saída parcial à repressão religiosa e social na metrópole.

Análise das alternativas incorretas:

A — Errada. A presença de cristãos‑novos não se limitou a Portugal; havia cristãos‑novos na Espanha, nas ilhas atlânticas e amplamente nas colônias, inclusive no Brasil e nas Américas.

B — Errada. Cristãos‑novos não obtiveram os mesmos direitos sociais e políticos que os cristãos‑velhos. Sofreram discriminações, limitações para cargos públicos e suspeitas contínuas (práticas de limpeza de sangue).

C — Errada. A Inquisição tratou majoritariamente de questões de fé: judaizantes, heresias, blasfêmia e práticas religiosas consideradas ilegítimas. Delitos sexuais foram tratados em outros âmbitos; não foram o foco principal da Inquisição.

E — Errada. A Inquisição não “solucionou” rapidamente a questão judaica. Pelo contrário, institucionalizou a vigilância por séculos, com perseguições, autos de fé e contínuas investigações contra cristãos‑novos.

Estratégia de prova: Procure palavras‑chave — “refúgio”, “vigilância”, “metrópole” — que conectam migração colonial com repressão na África/Europa. Desconfie de assertivas absolutas (ex.: "apenas", "obtiveram os mesmos direitos", "rapidamente solucionada"). Compare o foco da Inquisição (critérios religiosos) com temas sociais (sexo, direito civil) antes de escolher.

Fontes recomendadas: Schwartz, S. B., Cada um na sua lei; Saraiva, A. J. & Ó. Lopes, A Inquisição Portuguesa.

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