Questão 4b8a1b47-a4
Prova:UNB 2011
Disciplina:Literatura
Assunto:Parnasianismo, Escolas Literárias

O refinamento da linguagem e as formas labirínticas dos versos do soneto Vaso grego atestam o quanto a poesia parnasiana no Brasil, país de desigualdade social, asseverou a distância entre a língua falada e a escrita.

Vaso grego
Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.

Alberto de Oliveira. Poesias completas. In: Crítica. Marco Aurélio de Mello Reis. Rio de Janeiro: EDUERJ, 197, p.144.

 Acerca do soneto Vaso grego, de Alberto de Oliveira, e do período histórico-literário a que ele remete, julgue os itens de 117 a 119 e assinale a opção correta no item 120, que é do tipo C.

C
Certo
E
Errado

Gabarito comentado

C
Catarina Leite Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: C — Certo

Tema central: identificação do Parnassianismo e sua relação com a língua literária no Brasil do final do século XIX. A questão pede reconhecer como o refinamento formal e o vocabulário erudito do soneto indicam a distância entre a língua culta escrita e a fala corrente — traço marcante do parnasianismo brasileiro.

Resumo teórico: o Parnassianismo valorizou a forma, a técnica e a objetividade; buscou a perfeição métrica, imagens clássicas e uma linguagem polida e erudita, recusando o sentimentalismo romântico. No Brasil, esse refinamento ocorreu num contexto de grande desigualdade social: a produção literária das elites urbanas usou um registro distante da fala popular, reforçando a divisão entre língua escrita culta e língua falada.

Justificativa da resposta: no soneto de Alberto de Oliveira percebe-se vocabulário erudito (referências a Teos, Olimpo, Anacreonte), sintaxe elaborada e atenção à sonoridade — sinais parnasianos. Essa opção estética resulta numa separação deliberada entre linguagem poética e fala cotidiana, coerente com o contexto brasileiro de elites letradas e exclusão social. Logo, a afirmação de que o soneto atesta a distância entre língua falada e escrita é correta.

Fontes sugeridas: Antônio Candido, Formação da Literatura Brasileira (sobre contexto social e estético); verbete “Parnassianism” — Encyclopaedia Britannica (características do movimento).

Dica de prova: para reconhecer Parnassianismo, procure temas clássicos, linguagem erudita, cuidado formal e impessoalidade. Essas marcas ajudam a distinguir da poesia romântica ou modernista.

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