Questão 44bdb8f5-3c
Prova:UNESP 2015
Disciplina:Português
Assunto:Morfologia - Verbos, Flexão de voz (ativa, passiva, reflexiva)

Assinale a alternativa que indica duas estrofes em que o termo “Arminda” surge como paciente da ação expressa pelo verbo da oração de que faz parte.

Protestos a Arminda

    Conheço muitas pastoras
Que beleza e graça têm,
Mas é uma só que eu amo
Só Arminda e mais ninguém.

    Revolvam meu coração
Procurem meu peito bem,
Verão estar dentro dele
Só Arminda e mais ninguém.

    De tantas, quantas belezas
Os meus ternos olhos veem,
Nenhuma outra me agrada
Só Arminda e mais ninguém.

    Estes suspiros que eu solto
Vão buscar meu doce bem,
É causa dos meus suspiros
Só Arminda e mais ninguém.

Os segredos de meu peito
Guardá-los nele convém,
Guardá-los aonde os veja
Só Arminda e mais ninguém.

    Não cuidem que a mim me importa
Parecer às outras bem,
Basta que de mim se agrade
Só Arminda e mais ninguém.

    Não me alegra, ou me desgosta
Doutra o mimo, ou o desdém,
Satisfaz-me e me contenta
Só Arminda e mais ninguém.

    Cantem os outros pastores
Outras pastoras também,
Que eu canto e cantarei sempre
Só Arminda e mais ninguém.

(Viola de Lereno, 1980.)

A
Primeira e terceira estrofes.
B
Sétima e oitava estrofes.
C
Primeira e oitava estrofes.
D
Terceira e quarta estrofes.
E
Terceira e quinta estrofes.

Gabarito comentado

G
Geraldo Bastos Monitor do Qconcursos

Tema central da questão: Voz verbal e análise sintática do paciente. A questão avalia a capacidade do candidato em identificar quando um termo do texto é paciente de uma ação, isto é, aquele que recebe a ação indicada pelo verbo.

Regra fundamental: O paciente é o termo que recebe a ação do verbo, enquanto o agente é quem pratica a ação. Em frases ativas, a análise deve buscar quem sofre a ação – geralmente, o objeto direto. Segundo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa), “o sujeito paciente sofre, recebe a ação verbal, ao contrário do agente”.

Justificativa da alternativa correta (C):

Primeira estrofe: “Mas é uma só que eu amo / Só Arminda e mais ninguém.”
O sujeito oculto “eu” pratica a ação de “amar”; Arminda é amada – ou seja, recebe a ação (“eu amo Arminda”). Assim, “Arminda” é paciente.

Oitava estrofe: “Que eu canto e cantarei sempre / Só Arminda e mais ninguém.”
Novamente, “eu” canto/cantarei Arminda. Ela é o tema da canção, portanto, o ser cantado, ou seja, paciente da ação.

Alternativas incorretas — análise crítica:

A) Primeira e terceira: Na terceira (“Nenhuma outra me agrada / Só Arminda e mais ninguém”), o verbo “agradar” está com sentido de causar agrado; neste contexto, “outra” seria o sujeito agente, não “Arminda” como paciente.

B) Sétima e oitava: Sétima (“Satisfaz-me e me contenta / Só Arminda e mais ninguém”) – aqui “Arminda” é sujeito dos verbos, portanto, agente, não paciente.

D) Terceira e quarta: Também não identificam “Arminda” sendo paciente da ação verbal.

E) Terceira e quinta: Na quinta (“Os segredos de meu peito / Guardá-los nele convém...”), “Arminda” não é paciente dos verbos.

Estratégia para provas: Identifique com atenção quem faz e quem recebe a ação do verbo. Mesmo em voz ativa, o objeto direto pode atuar como paciente (ex: “Eu abraço Paula” => “Paula” recebe a ação).

Referência normativa: A análise sintática de Bechara e Cunha & Cintra valida esse entendimento de paciente, mesmo fora da voz passiva explícita.

Gabarito: C) Primeira e oitava estrofes.

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