Assinale a alternativa que indica duas estrofes em que o termo
“Arminda” surge como paciente da ação expressa pelo
verbo da oração de que faz parte.
Protestos a Arminda
Conheço muitas pastorasQue beleza e graça têm,Mas é uma só que eu amoSó Arminda e mais ninguém.
Revolvam meu coraçãoProcurem meu peito bem,Verão estar dentro deleSó Arminda e mais ninguém.
De tantas, quantas belezasOs meus ternos olhos veem,Nenhuma outra me agradaSó Arminda e mais ninguém.
Estes suspiros que eu soltoVão buscar meu doce bem,É causa dos meus suspirosSó Arminda e mais ninguém.
Os segredos de meu peitoGuardá-los nele convém,Guardá-los aonde os vejaSó Arminda e mais ninguém.
Não cuidem que a mim me importaParecer às outras bem,Basta que de mim se agradeSó Arminda e mais ninguém.
Não me alegra, ou me desgostaDoutra o mimo, ou o desdém,Satisfaz-me e me contentaSó Arminda e mais ninguém.
Cantem os outros pastoresOutras pastoras também,Que eu canto e cantarei sempreSó Arminda e mais ninguém.
(Viola de Lereno, 1980.)
Gabarito comentado
Tema central da questão: Voz verbal e análise sintática do paciente. A questão avalia a capacidade do candidato em identificar quando um termo do texto é paciente de uma ação, isto é, aquele que recebe a ação indicada pelo verbo.
Regra fundamental: O paciente é o termo que recebe a ação do verbo, enquanto o agente é quem pratica a ação. Em frases ativas, a análise deve buscar quem sofre a ação – geralmente, o objeto direto. Segundo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa), “o sujeito paciente sofre, recebe a ação verbal, ao contrário do agente”.
Justificativa da alternativa correta (C):
Primeira estrofe: “Mas é uma só que eu amo / Só Arminda e mais ninguém.”
O sujeito oculto “eu” pratica a ação de “amar”; Arminda é amada – ou seja, recebe a ação (“eu amo Arminda”). Assim, “Arminda” é paciente.
Oitava estrofe: “Que eu canto e cantarei sempre / Só Arminda e mais ninguém.”
Novamente, “eu” canto/cantarei Arminda. Ela é o tema da canção, portanto, o ser cantado, ou seja, paciente da ação.
Alternativas incorretas — análise crítica:
A) Primeira e terceira: Na terceira (“Nenhuma outra me agrada / Só Arminda e mais ninguém”), o verbo “agradar” está com sentido de causar agrado; neste contexto, “outra” seria o sujeito agente, não “Arminda” como paciente.
B) Sétima e oitava: Sétima (“Satisfaz-me e me contenta / Só Arminda e mais ninguém”) – aqui “Arminda” é sujeito dos verbos, portanto, agente, não paciente.
D) Terceira e quarta: Também não identificam “Arminda” sendo paciente da ação verbal.
E) Terceira e quinta: Na quinta (“Os segredos de meu peito / Guardá-los nele convém...”), “Arminda” não é paciente dos verbos.
Estratégia para provas: Identifique com atenção quem faz e quem recebe a ação do verbo. Mesmo em voz ativa, o objeto direto pode atuar como paciente (ex: “Eu abraço Paula” => “Paula” recebe a ação).
Referência normativa: A análise sintática de Bechara e Cunha & Cintra valida esse entendimento de paciente, mesmo fora da voz passiva explícita.
Gabarito: C) Primeira e oitava estrofes.
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