Questão 432b4f39-ed
Prova:UEL 2017
Disciplina:Sociologia
Assunto:Estratificação e desigualdade social, Desigualdades de raça, classe e gênero

Os dados apresentados pelo Mapa da Violência de 2016, publicado pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), reiteram o padrão segundo o qual a juventude brasileira encontra-se em maior vulnerabilidade frente às situações de violência, especialmente no que se refere às mortes provocadas por armas de fogo. De acordo com os especialistas responsáveis por este estudo, tal situação exige políticas de juventude e políticas para a juventude. Sobre juventudes, vulnerabilidade juvenil e políticas públicas para a redução da violência, considere as afirmativas a seguir.

I. A condição juvenil é socialmente construída e atravessada por condições sociais como classe, raça, escolaridade, local de moradia, religião e gênero.
II. O trabalho é uma dimensão constitutiva da condição juvenil e é vivenciado positivamente por muitos jovens, pois permite o acesso ao entretenimento, ao consumo e aos namoros.
III. O acesso dos jovens à educação formal e ao mercado de trabalho são questões resolvidas pelas políticas públicas, eliminando a chamada geração “nem-nem”.
IV. O combate às desigualdades de renda, em primeiro plano, e as desigualdades de gênero, em segundo, são as condições imediatas para a efetiva redução da violência entre jovens negros, via políticas públicas.

Assinale a alternativa correta.

A
Somente as afirmativas I e II são corretas.
B
Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E
Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Gabarito comentado

S
Sofia LopezMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa A

Tema central: juventude, vulnerabilidade e políticas públicas de redução da violência. É preciso entender juventude como condição socialmente construída e atravessada por fatores como raça, classe e gênero (perspectiva interseccional), e reconhecer o papel ambíguo do trabalho e das políticas públicas frente às desigualdades.

Resumo teórico: A juventude não é apenas uma fase biológica, mas um status social produzido culturalmente e diferenciado por fatores estruturais (classe, raça, gênero, escolaridade, território) — veja abordagens sobre juventude e interseccionalidade (Crenshaw). O Estatuto da Juventude (Lei nº 12.852/2013) e estudos como o Mapa da Violência (FLACSO, 2016) reforçam a necessidade de políticas específicas que considerem essas desigualdades.

Por que A (I e II) é correta:

I. Correta: a condição juvenil é socialmente construída e marcada por classe, raça, escolaridade, gênero e território. Isso é consenso em estudos sociológicos e em marcos legais que tratam juventude de forma diferenciada.

II. Correta: o trabalho é uma dimensão constitutiva da vida juvenil e, para muitos jovens, traz acesso a lazer, consumo e relações afetivas. A afirmação reconhece um aspecto real da experiência juvenil, ainda que o trabalho também possa ser precarizado — a frase afirma o lado positivo, portanto está correta.

Análise das alternativas incorretas:

III. Incorreta: afirma que acesso à educação formal e ao trabalho são questões resolvidas pelas políticas públicas, eliminando a geração “nem-nem”. Isso é incorreto porque, embora políticas públicas sejam fundamentais, elas não eliminam automaticamente a condição “nem-nem” — persistem barreiras estruturais (desigualdade regional, racismo, mercado de trabalho precarizado).

IV. Incorreta: reduz a agenda à priorização das desigualdades de renda em primeiro plano e de gênero em segundo para reduzir a violência entre jovens negros. A abordagem está equivocada ao hierarquizar e ao omitir o papel central do racismo institucional, do controle policial e das políticas de segurança. Políticas eficazes exigem ações antirracistas, de redução de desigualdades multidimensionais e de transformação das práticas de segurança pública.

Dica de prova: procure palavras absolutas ou que prometem resolução total (ex.: “resolvidas”, “eliminando”) — frequentemente sinal de alternativa falsa. Valorize itens que dialogam com conceitos sociológicos (construção social, interseccionalidade, políticas públicas como necessárias, mas não suficientes).

Fontes úteis: Mapa da Violência (FLACSO, 2016); Lei nº 12.852/2013 (Estatuto da Juventude); estudos sobre interseccionalidade (Crenshaw).

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