Os dados apresentados pelo Mapa da Violência de
2016, publicado pela Faculdade Latino-americana de
Ciências Sociais (FLACSO), reiteram o padrão segundo
o qual a juventude brasileira encontra-se em maior
vulnerabilidade frente às situações de violência, especialmente
no que se refere às mortes provocadas
por armas de fogo. De acordo com os especialistas
responsáveis por este estudo, tal situação exige políticas
de juventude e políticas para a juventude.
Sobre juventudes, vulnerabilidade juvenil e políticas
públicas para a redução da violência, considere as
afirmativas a seguir.
I. A condição juvenil é socialmente construída e
atravessada por condições sociais como classe,
raça, escolaridade, local de moradia, religião e
gênero.
II. O trabalho é uma dimensão constitutiva da condição
juvenil e é vivenciado positivamente por
muitos jovens, pois permite o acesso ao entretenimento,
ao consumo e aos namoros.
III. O acesso dos jovens à educação formal e ao
mercado de trabalho são questões resolvidas pelas
políticas públicas, eliminando a chamada geração
“nem-nem”.
IV. O combate às desigualdades de renda, em primeiro
plano, e as desigualdades de gênero, em
segundo, são as condições imediatas para a efetiva
redução da violência entre jovens negros,
via políticas públicas.
Assinale a alternativa correta.
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A
Tema central: juventude, vulnerabilidade e políticas públicas de redução da violência. É preciso entender juventude como condição socialmente construída e atravessada por fatores como raça, classe e gênero (perspectiva interseccional), e reconhecer o papel ambíguo do trabalho e das políticas públicas frente às desigualdades.
Resumo teórico: A juventude não é apenas uma fase biológica, mas um status social produzido culturalmente e diferenciado por fatores estruturais (classe, raça, gênero, escolaridade, território) — veja abordagens sobre juventude e interseccionalidade (Crenshaw). O Estatuto da Juventude (Lei nº 12.852/2013) e estudos como o Mapa da Violência (FLACSO, 2016) reforçam a necessidade de políticas específicas que considerem essas desigualdades.
Por que A (I e II) é correta:
I. Correta: a condição juvenil é socialmente construída e marcada por classe, raça, escolaridade, gênero e território. Isso é consenso em estudos sociológicos e em marcos legais que tratam juventude de forma diferenciada.
II. Correta: o trabalho é uma dimensão constitutiva da vida juvenil e, para muitos jovens, traz acesso a lazer, consumo e relações afetivas. A afirmação reconhece um aspecto real da experiência juvenil, ainda que o trabalho também possa ser precarizado — a frase afirma o lado positivo, portanto está correta.
Análise das alternativas incorretas:
III. Incorreta: afirma que acesso à educação formal e ao trabalho são questões resolvidas pelas políticas públicas, eliminando a geração “nem-nem”. Isso é incorreto porque, embora políticas públicas sejam fundamentais, elas não eliminam automaticamente a condição “nem-nem” — persistem barreiras estruturais (desigualdade regional, racismo, mercado de trabalho precarizado).
IV. Incorreta: reduz a agenda à priorização das desigualdades de renda em primeiro plano e de gênero em segundo para reduzir a violência entre jovens negros. A abordagem está equivocada ao hierarquizar e ao omitir o papel central do racismo institucional, do controle policial e das políticas de segurança. Políticas eficazes exigem ações antirracistas, de redução de desigualdades multidimensionais e de transformação das práticas de segurança pública.
Dica de prova: procure palavras absolutas ou que prometem resolução total (ex.: “resolvidas”, “eliminando”) — frequentemente sinal de alternativa falsa. Valorize itens que dialogam com conceitos sociológicos (construção social, interseccionalidade, políticas públicas como necessárias, mas não suficientes).
Fontes úteis: Mapa da Violência (FLACSO, 2016); Lei nº 12.852/2013 (Estatuto da Juventude); estudos sobre interseccionalidade (Crenshaw).
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