“Tempo, espaço, memória imbricam-se no Centro. Parte expressiva de nossas referências identitárias está
contida em suas ruas, casarões, edifícios, paisagens, pregões, cheiros e ruídos. [...] Sem ele a história
de Fortaleza apresenta um vácuo, uma enorme lacuna temporal. Não existe uma cidade nova. O que há,
na verdade, é uma cidade que migra, orientando, fortemente, novos investimentos para outras direções.
Neste processo, vai consumindo paisagens, construindo e destruindo patrimônios naturais e edificados,
engolindo novos espaços, criando outros. Em seu rastro, a sensação de abandono. A busca do novo, do
inusitado, não implica a ausência de requalificação e refuncionalidade do Centro Histórico”. (Nas
trilhas da cidade. 2. ed. Fortaleza: Museu do Ceará, 2005, p. 39-40).
Partindo desse texto do geógrafo José Borzacchiello da Silva, conclui-se que:
Gabarito comentado
Alternativa correta: E
Tema central: a questão trata da relação entre patrimônio cultural, memória urbana e transformações do espaço central de Fortaleza — tópicos essenciais em geografia urbana e preservação do patrimônio.
Resumo teórico: centros históricos concentram valores simbólicos, arquitetônicos e socioeconômicos; são loci de memória coletiva. Políticas urbanas devem buscar requalificação e conservação, conciliando modernização com preservação. Essa perspectiva se apoia na proteção do patrimônio prevista na Constituição (art. 216) e nas diretrizes do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001) e em práticas de órgãos como o IPHAN.
Justificativa da alternativa E: o texto enfatiza que o centro guarda “referências identitárias” e que sua perda gera "uma enorme lacuna temporal". Afirma também a necessidade de requalificação e refuncionalidade. Logo, a conclusão correta é que o centro deve ser preservado e valorizado, pois tem importância simbólica e socioeconômica para a população de Fortaleza — exatamente o que a alternativa E declara.
Análise das alternativas incorretas:
A — afirma que migrações do interior para Fortaleza provocaram o declínio do centro. Erro: o texto discute mudanças de orientação dos investimentos e deslocamentos internos na cidade, não imputando o declínio a migrantes do interior; a origem do processo é mais complexa (dinâmicas internas, modernização e mercado imobiliário).
B — sustenta que o patrimônio do centro se relaciona apenas com o passado. Erro: o autor mostra que o centro tem presença contínua na identidade atual e que sua função pode ser requalificada; patrimônio conecta passado e presente, não apenas história.
C — diz que a degradação é consequência irreversível da modernização. Erro: o texto contrapõe essa visão, sugerindo possibilidades de requalificação e refuncionalidade; portanto não é necessariamente irreversível.
D — propõe investimento preferencial em novas áreas sem vínculo com o centro. Erro: o autor critica essa estratégia ao apontar o abandono resultante; defende requalificação do centro, não seu isolamento.
Estratégias para responder: procure termos-chave no enunciado (ex.: “memória”, “requalificação”, “abandono”) e relacione-os à proposta das alternativas. Desconfie de afirmações absolutas (sempre, apenas, irreversível) e de relações de causa simplistas.
Fontes úteis: Constituição Federal (art. 216), Lei nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), diretrizes do IPHAN e material de geografia urbana sobre centros históricos.
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