No século XVI, um debate entre dois religiosos
europeus indicava duas maneiras de compreender os indígenas das Américas. Um desses
religiosos defendia a “guerra justa” contra os
gentios; já, o outro defendia a pacificação e a
evangelização dos ameríndios. Foram eles, respectivamente:
Gabarito comentado
Alternativa correta: B - Juan Ginés de Sepúlveda e Bartolomé de Las Casas
Tema central: trata-se do debate do século XVI sobre a natureza e o tratamento dos povos indígenas das Américas — se poderiam ser justifi cadamente submetidos pela força ("guerra justa") ou se deveriam ser pacificados e evangelizados com proteção de seus direitos. Esse debate é fundamental para entender a legitimação ideológica da colonização ibérica e a origem de discussões sobre direitos humanos e direito internacional.
Resumo teórico: Juan Ginés de Sepúlveda apoiou-se em argumentos aristotélico-tomistas (noção de "escravidão natural") para defender guerras "justas" contra indígenas que, segundo ele, seriam inferiores e aptos a ser subjugados — posição exposta no debate de Valladolid (1550–1551).
Bartolomé de Las Casas contrapôs-se vigorosamente: pastor e defensor dos ameríndios, sustentava que eram plenamente racionais e humanos, devendo ser evangelizados sem violência e ter proteção legal; suas denúncias constam, por exemplo, em Brevísima relación de la destrucción de las Indias (1552).
Fontes básicas: documentos do Debate de Valladolid (1550–1551); Bartolomé de las Casas, Brevísima relación (1552); obras e textos sobre Sepúlveda (Demócrates alter / escritos sobre a Apología). Para estudos secundários, ver compilações em história das mentalidades coloniais e manuais sobre o direito de gentes.
Justificativa da resposta: a alternativa B reúne exatamente as duas figuras históricas ligadas ao confronto intelectual citado — Sepúlveda (defensor da guerra "justa") e Las Casas (defensor da pacificação/evangelização). O enunciado remete ao clássico debate de Valladolid, cujo protagonismo é desses autores.
Por que as outras estão erradas: A — Pedro Fernandes Sardinha (bispo português ligado ao Brasil) e Manoel da Nóbrega (jesuíta missionário) não representam o par do debate hispano do século XVI sobre "guerra justa" vs. pacificação internacionalmente famoso. C — Eduardo Viveiros de Castro e Philippe Descola são antropólogos contemporâneos (século XX–XXI), não participantes do debate do século XVI. D — José de Anchieta foi missionário jesuíta; Antônio Raposo Tavares foi bandeirante/expedicionário — este par não corresponde ao debate teológico-jurídico referido. E — Pero Magalhães Gândavo e Américo Vespúcio foram cronistas/exploradores; também não protagonizaram o referido embate intelectual.
Dica de prova: ao ver “guerra justa” + “pacificação/evangelização” pense imediatamente no Debate de Valladolid e associe nomes espanhóis do século XVI (Sepúlveda x Las Casas). Elimine opções com autores fora do tempo, da esfera religiosa-jurídica ou de outra região.
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