Questão 3041c6a3-d5
Prova:CESMAC 2016
Disciplina:Literatura
Assunto:Escolas Literárias, Romantismo

Apesar de ser autor de uma caudalosa obra poética, Castro Alves (1847-1871) é sempre lembrado como o poeta da abolição. Dentre os poemas que escreveu contra a escravidão de africanos no Brasil, um deles - Vozes D’África - é um dos mais conhecidos. Dentre os excertos abaixo, qual foi extraído do seu poema Vozes D’África?

A
Cavaleiro sinistro, embuçado,
Neste negro cavalo montado,
Onde vais galopando veloz?
Tu não vês como o vento farfalha,
E das nuvens sacode a mortalha
Ululando com lúgubre voz?
B

Senhor Deus, dá que a boca da inocência

Possa ao menos sorrir,

Como a flor da granada abrindo as pétalas

Da alvorada ao surgir.

C

A Mãe do cativo! Que fias a noite

A rede que ataste nos galhos da selva!

Melhor tu farias se a pobre criança

Cavasse a cova por baixo da relva.

D

Escravo, dá-me a coroa de amaranto

Que mandou-me inda há pouco Afra impudente.

Orna-me a fronte... Enrola-me os cabelos,

Quero o mole perfume do Oriente.

E

Deus! O Deus! Onde estás que não respondes?

Em que mundo, em que estrela tu te escondes

Embuçado nos céus?

Há dois mil anos te mandei meu grito,

Que, embalde, desde então, corre o infinito...

Onde estás, Senhor Deus?...

Gabarito comentado

N
Nicole Santos Monitor do Qconcursos

Tema central da questão: Identificação de trecho de “Vozes d’África”, poema fundamental do Romantismo brasileiro, destacando o engajamento social de Castro Alves na luta abolicionista e na personificação da África clamando por justiça.

Contextualização didática: “Vozes d’África” está inserido na terceira geração romântica (Condoreirismo). Sua linguagem grandiosa, o uso de apóstrofes (invocações diretas a Deus), hipérboles e uma marcante denúncia social são seus traços mais evidentes. O poema inicia-se com o clamor: “Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?”, centralizando a súplica por liberdade.

Justificativa da alternativa correta:

Alternativa E apresenta exatamente o início de “Vozes d’África”:

Deus! O Deus! Onde estás que não respondes?
Em que mundo, em que estrela tu te escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que, embalde, desde então, corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...

Esse trecho mostra a aflição da África diante da ausência divina, típico do poema e da estética do autor.

Análise das alternativas incorretas:

A) Descreve um cavaleiro sombrio, mas não apresenta o clamor africano nem condena a escravidão.

B) Refere-se à inocência e esperança, temática desvinculada do foco social de “Vozes d’África”.

C) Toca no tema da escravidão, mas, como mostra o verso da mãe cativa, pertence ao poema “Mãe do Cativo”, não a “Vozes d’África”.

D) Retrata um escravo enfeitando outra pessoa, sem o tom de súplica e denúncia global que caracteriza “Vozes d’África”.

Estratégias de prova: Atenção à personificação da África, chamadas diretas (“Deus! ó Deus!”) e palavras que evocam o sofrimento coletivo.
Fuja de pegadinhas que trazem temas próximos (escravidão, infância, submissão) mas não reproduzem o estilo grandioso nem o apelo universal tipicamente presentes em “Vozes d’África”.

Bons manuais como Massaud Moisés (“A Literatura Brasileira através dos Textos”) e William Roberto Cereja detalham essa fase, orientando a identificação dos recursos estilísticos essenciais do poema.

Conclusão: A alternativa E é a correta por alinhar-se plenamente ao tema, estilo e estrutura de “Vozes d’África”.

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