Imagine alguém contando essa historinha: “Depois de receber uma
premagem, o ludâmbulo desligou o lucivelo, colocou o focale,
chamou o cinesíforo e foi ao local da runimol de que teve notícia
por um amigo alvissareiro”. Assim seria contada essa historinha se
se tivesse adotado a proposta de Antônio Castro Lopes, filólogo
que viveu de 1827 a 1901. Os neologismos que ele propôs, como
ludâmbulo, focalo e cinesíforo não pegaram. Então podemos contar
hoje a mesma historinha assim: “Depois de receber uma massagem,
o turista desligou o abajur, colocou o cachecol, chamou o motorista
e foi ao local da avalanche de que teve notícia por um amigo
repórter”. Acho muito estranho nessas palavras a proposta de usar
“alvissareiro” em vez de repórter. Alvíssaras é uma palavra sempre
relacionada a boas notícias, o que não é bem o caso da maioria do
que ouvimos ou lemos dos repórteres.
BENEDITO, M. Disponível em: <https://blogdaboitempo.com.br/2016/03/11/chato-cricri-ezung-zung/>. Acesso em: 03 out. 2016. (Adaptado).
No fragmento, o autor questiona o emprego do termo “alvissareiro” por
considerá-lo
Gabarito comentado
Tema central: A questão envolve interpretação de texto e análise semântica, ou seja, é necessário compreender o significado preciso das palavras e avaliar sua adequação dentro do contexto apresentado pelo autor.
O ponto-chave está no emprego do termo “alvissareiro”. Conforme a norma-padrão e as principais gramáticas (como Evanildo Bechara e Rocha Lima), alvissareiro significa “aquele que traz boas notícias” ou “mensageiro auspicioso”. O autor do texto questiona o uso desse termo para designar repórteres porque, na realidade, as notícias jornalísticas que recebemos são, em grande parte, de teor negativo, e não positivo.
Dessa forma, ao propor “alvissareiro” para repórter, há uma inadequação semântica, pois a palavra não corresponde ao sentido habitualmente vinculado ao trabalho de jornalismo – que é o de transmitir tanto boas quanto, principalmente, más notícias.
Análise das alternativas:
A) Distante da realidade linguística do português brasileiro.
Análise: Essa alternativa trata de variação linguística, que não é o foco do texto. O autor não discute se o termo “alvissareiro” faz parte ou não do uso do português brasileiro, mas sim sua adequação ao contexto de notícias.
B) Impróprio para designar o dia a dia do trabalho de repórter.
Análise: Embora pareça correta à primeira vista, não explicita o motivo central do texto: o predomínio do teor negativo nas notícias. Falta destacar o aspecto semântico que fundamenta a crítica do autor.
C) Estranho para ser utilizado como sinônimo de “más notícias”.
Análise: A alternativa apresenta uma inversão: “alvissareiro” não é sinônimo de más notícias, mas sim contradiz a ideia de quem as transmite. Portanto, foge do argumento central.
D) Inadequado diante do teor negativo atribuído a notícias jornalísticas.
Análise: Esta é a alternativa correta. Ela evidencia o motivo semântico da inadequação: “alvissareiro” remete a boas notícias, sendo destoante do contexto da maioria das notícias jornalísticas negativas, de acordo com a crítica apresentada no texto.
Estratégias para provas: Ao interpretar textos, observe palavras-chave e conceitos centrais. Atenção às alternativas que realmente retomam o foco principal do autor e desconfie de distrações sem base no texto. Questões como essa exigem a habilidade de confrontar o significado das palavras com seu uso no contexto apresentado!
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