Questão 2c80d096-ea
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Leia os fragmentos textuais a seguir, para resolução da questão
[...] Ergui a gola do sobretudo, desci a aba do chapéu até perto dos olhos e troquei as dependências do hotel pelas
da cerração. Satolep estava apropriadamente decorada para minha festa solitária. As coisas geometrizadas pelo frio
mostravam-se voláteis. Linhas rigorosas à luz do dia eram agora ausência de contornos. Fazer trinta anos era perder-me no
nevoeiro tendo em vista a concretude da cidade ou o contrário? Um cão flutuava atrás de uma charrete que passava. O
granito do meio-fio corria a meu lado, às vezes reluzente em sua umidade, às vezes dissipado em vapor luminoso; um outro
cão, de pedra e de nuvem, cão de alguma mitologia, condenado a nascer e morrer indefinidamente. Nascer pedra e morrer
nuvem? Nascer nuvem e morrer pedra? Trinta anos. Soprei velinhas imaginárias, e minha alma revoluteou diante de mim.
(RAMIL, 2008, p.08)
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, porque nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se crê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
(Gregório de Matos 1636 – 1695)
Os excerto lidos anteriormente pertencem a diferentes épocas e gêneros literários, entretanto apresentam
algumas proximidades temáticas. Considerando os excertos e suas respectivas significações literárias, é correto
afirmar que os textos
Leia os fragmentos textuais a seguir, para resolução da questão
[...] Ergui a gola do sobretudo, desci a aba do chapéu até perto dos olhos e troquei as dependências do hotel pelas
da cerração. Satolep estava apropriadamente decorada para minha festa solitária. As coisas geometrizadas pelo frio
mostravam-se voláteis. Linhas rigorosas à luz do dia eram agora ausência de contornos. Fazer trinta anos era perder-me no
nevoeiro tendo em vista a concretude da cidade ou o contrário? Um cão flutuava atrás de uma charrete que passava. O
granito do meio-fio corria a meu lado, às vezes reluzente em sua umidade, às vezes dissipado em vapor luminoso; um outro
cão, de pedra e de nuvem, cão de alguma mitologia, condenado a nascer e morrer indefinidamente. Nascer pedra e morrer
nuvem? Nascer nuvem e morrer pedra? Trinta anos. Soprei velinhas imaginárias, e minha alma revoluteou diante de mim.
(RAMIL, 2008, p.08)
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, porque nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se crê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
(Gregório de Matos 1636 – 1695)
Os excerto lidos anteriormente pertencem a diferentes épocas e gêneros literários, entretanto apresentam
algumas proximidades temáticas. Considerando os excertos e suas respectivas significações literárias, é correto
afirmar que os textos
A
negam a valorização do sofrimento, como bem explicitam a estrofe final do soneto e a frase que encerra a
descrição do personagem protagonista.
B
descrevem espaços urbanos e os sentimentos dos cidadãos que vivem nas grandes cidades, bem como o
grande estresse causado pela vida contemporânea.
C
reiteram a temática da fugacidade da vida, representados na narrativa pelas imagens do nevoeiro e do
teorema “Nascer pedra e morrer nuvem? Nascer nuvem e morrer pedra?”; e no poema pela sua construção a
partir de palavras contraditórias que ressaltam as contradições cotidianas.
D
comparam situações semelhantes, cujos protagonistas passam por momentos de perturbação psicológica
causado pelo sentimento de impotência frente às durezas da vida cotidiana.
E
transferem a responsabilidade da instabilidade da vida humana para a natureza, como comprovam os versos
“A firmeza somente na inconstância” / “Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza”, e a expressão “As coisas
geometrizadas pelo frio mostravam-se voláteis.