Questão 2a70e28d-36
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Estão corretas apenas as afirmativas:
Estão corretas apenas as afirmativas:
INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o
trecho do conto “As águas do mundo”, de Clarice
Lispector, e as afirmativas que seguem.
Aí está ele, o mar, o mais ininteligível das existências
não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o
mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano
fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornou-se o
mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar. Só poderia
haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse
ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis
feita com a confiança com que se entregariam duas
compreensões. Ela olha o mar, é o que se pode fazer.
Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é,
pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da
terra. São seis horas da manhã. Só um cão livre hesita
na praia, um cão negro. Por que é que um cão é tão livre?
Porque ele é o mistério vivo que não se indaga. A mulher
hesita porque vai entrar. Seu corpo se consola com sua
própria exiguidade em relação à vastidão do mar porque
é a exiguidade do corpo que o permite manter-se
quente e é essa exiguidade que a torna pobre e livre
gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias.
Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge
no silêncio das seis horas. A mulher não está sabendo:
mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia
nessa hora da manhã, ela não tem o exemplo de outros
humanos que transformam a entrada no mar em simples
jogo leviano de viver. Ela está sozinha. O mar salgado
não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma
realização. Nessa hora ela se conhece menos ainda do
que conhece o mar. Sua coragem é a de, não se conhecendo,
no entanto prosseguir. É fatal não se conhecer,
e não se conhecer exige coragem.
I. O trecho apresenta uma abordagem filosófica sobre
as existências do homem e do mar, a partir de
inferências e questionamentos.
II. A passagem, intimista, revela uma das principais
características da obra de Clarice Lispector.
III. Segundo o trecho, o homem não é um ser livre
porque tem a capacidade de autoquestionar-se.
IV. O trecho também apresenta uma abordagem exis- O trecho também apresenta uma abordagem existencialista,
mostrando que a união da mulher com
o oceano a faz conhecer-se melhor e, finalmente,
desfrutar o mar como os outros humanos.
INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o
trecho do conto “As águas do mundo”, de Clarice
Lispector, e as afirmativas que seguem.
Aí está ele, o mar, o mais ininteligível das existências
não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o
mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano
fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornou-se o
mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar. Só poderia
haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse
ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis
feita com a confiança com que se entregariam duas
compreensões. Ela olha o mar, é o que se pode fazer.
Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra. São seis horas da manhã. Só um cão livre hesita na praia, um cão negro. Por que é que um cão é tão livre? Porque ele é o mistério vivo que não se indaga. A mulher hesita porque vai entrar. Seu corpo se consola com sua própria exiguidade em relação à vastidão do mar porque é a exiguidade do corpo que o permite manter-se quente e é essa exiguidade que a torna pobre e livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias. Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio das seis horas. A mulher não está sabendo: mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia nessa hora da manhã, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver. Ela está sozinha. O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização. Nessa hora ela se conhece menos ainda do que conhece o mar. Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem.
Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra. São seis horas da manhã. Só um cão livre hesita na praia, um cão negro. Por que é que um cão é tão livre? Porque ele é o mistério vivo que não se indaga. A mulher hesita porque vai entrar. Seu corpo se consola com sua própria exiguidade em relação à vastidão do mar porque é a exiguidade do corpo que o permite manter-se quente e é essa exiguidade que a torna pobre e livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias. Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio das seis horas. A mulher não está sabendo: mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia nessa hora da manhã, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver. Ela está sozinha. O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização. Nessa hora ela se conhece menos ainda do que conhece o mar. Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem.
I. O trecho apresenta uma abordagem filosófica sobre
as existências do homem e do mar, a partir de
inferências e questionamentos.
II. A passagem, intimista, revela uma das principais características da obra de Clarice Lispector.
III. Segundo o trecho, o homem não é um ser livre porque tem a capacidade de autoquestionar-se.
IV. O trecho também apresenta uma abordagem exis- O trecho também apresenta uma abordagem existencialista, mostrando que a união da mulher com o oceano a faz conhecer-se melhor e, finalmente, desfrutar o mar como os outros humanos.
II. A passagem, intimista, revela uma das principais características da obra de Clarice Lispector.
III. Segundo o trecho, o homem não é um ser livre porque tem a capacidade de autoquestionar-se.
IV. O trecho também apresenta uma abordagem exis- O trecho também apresenta uma abordagem existencialista, mostrando que a união da mulher com o oceano a faz conhecer-se melhor e, finalmente, desfrutar o mar como os outros humanos.
A
I e II.
B
II e IV.
C
I, II e III.
D
I, III e IV.
E
II, III e IV.