Questão 29f43470-e0
Prova:FAG 2016
Disciplina:Literatura
Assunto:Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

O conto Feliz ano novo, de Rubem Fonseca, da coletânea que lhe dá título, surpreende, entre outras coisas:

A
pela abordagem da violência como elemento de normalidade na vida de marginais do Rio de Janeiro.
B
pela linguagem lírica, capaz de revelar as nuanças psicológicas dos personagens.
C
pela capacidade de protesto, sutil na narrativa, que torna o conto um libelo contra o crime.
D
por certa inoperância da polícia que, em nenhum momento, aparece para impedir a brutalidade dos incidentes.
E
pelo jogo dialético entre liberdade de marginais e prisão das elites, entrevista pelas grades do portão do casarão assaltado.

Gabarito comentado

O
Olivia Rocha Monitor do Qconcursos

Comentário do Gabarito – Literatura: Escolas Literárias e Análise da Questão

Tema central: A questão aborda o realismo brutalista e o modo como Rubem Fonseca, no conto Feliz Ano Novo, naturaliza a violência no cotidiano dos personagens marginais, refletindo o cenário social do Brasil urbano do final do século XX.

Justificativa – Alternativa A (correta):

Rubem Fonseca é representante da chamada Literatura Brutalista (termo cunhado por Alfredo Bosi). Suas narrativas apresentam a violência não como exceção, mas como parte normalizada da rotina dos personagens. No conto Feliz Ano Novo, a violência não surpreende apenas pelo choque, mas por estar totalmente integrada ao dia a dia dos marginais. Fonseca opta por uma escrita objetiva, quase seca, que elimina o distanciamento entre leitor e personagem, intensificando a sensação de “vida real”. Tal abordagem serve também para crítica social, mostrando como essas condições extremas são resultado de uma sociedade desigual.

Estratégia para acertar este tipo de questão: Priorize sempre as alternativas que mantêm relação direta com a estética e com os temas centrais já reconhecidos na obra analisada, atentando para palavras-chave como “normalidade”, “cotidiano”, “cru” e “realismo”.

Análise das alternativas incorretas:

B) Linguagem lírica: Fonseca não utiliza linguagem lírica, mas sim objetiva, incisiva e contundente. A função não é embelezar a violência, mas escancará-la.

C) Capacidade de protesto sutil: O conto não é um libelo contra o crime. Fonseca não adota tom de protesto; narra de modo quase impassível, sem moralizar. Cuidado com pegadinha: protesto é diferente de mera exposição!

D) Inoperância policial: Apesar da ausência da polícia ser notável, não é o foco central da obra – a narrativa investe mais no cotidiano dos marginais.

E) Jogo dialético entre liberdade e prisão: Não há aprofundamento desse contraste dialético no conto; o enfoque está nas ações e vivências dos marginais, sem comparar diretamente elite e periferia.

Referências recomendadas: Alfredo Bosi – História Concisa da Literatura Brasileira e Karl Erik Schøllhammer – Ficção Brasileira Contemporânea. Consulte-os para aprofundar o conceito de brutalismo e o papel do realismo na literatura recente.

Dica Final: Fuja de alternativas com termos vagos, lirismo excessivo ou que indicam mensagem social explícita, pois a marca de Fonseca é a exposição crua e direta.

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