Já reparei uma coisa: bola de futebol, seja nova,
seja velha, é um ser muito compreensivo, que dança
conforme a música: se está no Maracanã, numa decisão
de título, ela rola e quiçá com um ar dramático, mantendo
sempre a mesma pose adulta, esteja nos pés de Gérson
ou nas mãos de um gandula. Em compensação, num
racha de menino, ninguém é mais sapeca: ela corre
para cá, corre para lá, quiçá no meio-fio, para de estalo
no canteiro, lambe a canela de um, deixa-se espremer
entre mil canelas, depois escapa, rolando, doida, pela
calçada. Parece um bichinho.
NOGUEIRA, A. Peladas. Os melhores da crônica brasileira.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1977 (fragmento).
O texto expressa a visão do cronista sobre a bola de
futebol. Entre as estratégias escolhidas para dar colorido
a sua expressão, identifica-se, predominantemente,
uma função da linguagem caracterizada pela intenção
do autor em
Já reparei uma coisa: bola de futebol, seja nova, seja velha, é um ser muito compreensivo, que dança conforme a música: se está no Maracanã, numa decisão de título, ela rola e quiçá com um ar dramático, mantendo sempre a mesma pose adulta, esteja nos pés de Gérson ou nas mãos de um gandula. Em compensação, num racha de menino, ninguém é mais sapeca: ela corre para cá, corre para lá, quiçá no meio-fio, para de estalo no canteiro, lambe a canela de um, deixa-se espremer entre mil canelas, depois escapa, rolando, doida, pela calçada. Parece um bichinho.
NOGUEIRA, A. Peladas. Os melhores da crônica brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977 (fragmento).
O texto expressa a visão do cronista sobre a bola de futebol. Entre as estratégias escolhidas para dar colorido a sua expressão, identifica-se, predominantemente, uma função da linguagem caracterizada pela intenção do autor em